
“Ele [Bolsonaro] fica abraçado na bandeira americana. Esse patriota falso”, disse Lula. “Nós vamos tomar a bandeira verde e amarela de volta”, afirmou Lula para mais de dez mil estudantes no 60º Congresso da UNE
O presidente Lula participou, nesta quinta-feira (17), da plenária do 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes, realizado na Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia (GO). Ele criticou duramente os ataques de Donald Trump ao Brasil e a traição de Jair Bolsonaro e de sua família ao país, referindo-se ao apoio de Jair Bolsonaro à chantagem que Trump está fazendo ao Brasil com a sobretaxação dos produtos brasileiros em 50% e as ameaças ao PIX e ao mercado popular brasileiro.
“Ele [Bolsonaro] fica abraçado na bandeira americana. Esse patriota falso”, disse Lula. “Nós vamos tomar a bandeira verde e amarela de volta. A bandeira verde e amarela vai voltar a ser do povo brasileiro. O Bolsonaro que se abrace na bandeira americana”, prosseguiu Lula, recomendando que ele “transfira seu título para lá e vá votar lá. Porque aqui quem manda somos nós brasileiros”, disse Lula a mais de dez mil estudantes reunidos no congresso da UNE.
O presidente relatou que os EUA enviaram um ultimato ao Brasil exigindo o fim do processo judicial contra Bolsonaro, sob pena de impor taxações de até 50% sobre produtos brasileiros. “A carta não fala em negociação. A carta é o seguinte: ‘ou dá, ou desce’. Essa é a lógica da carta”, criticou Lula. “Mas um cara que nasceu em Caetés, que chegou em São Paulo com sete anos de idade, comeu pão pela primeira vez com sete anos, sobreviveu criado por uma mãe com oito filhos e chegou à Presidência da República, não é um gringo que vai dar ordem para o presidente da República. Não é”, disse Lula.
Lula ironizou a tentativa do ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que largou o mandato e foi para os EUA, de conspirar contra o país e buscar apoio de Trump para interferir no Judiciário brasileiro. “‘Liberta meu pai, liberta meu pai, liberta meu pai’. Eles, na verdade, têm que ser tratado por nós como os traidores do século XX e do século XXI da história desse país”, declarou o presidente. E completou: “ele que não venha mais falar da bandeira verde e amarela. Ele que tenha vergonha, que se esconda na sua covardia e deixe esse país viver em paz”.
O presidente ainda criticou Trump por desconhecer o comércio entre os dois países. “O Brasil tem um déficit comercial de US$ 410 bilhões em 15 anos. Portanto, os EUA são muito superavitários com relação ao Brasil”, lembrou, reforçando que no Brasil haverá regulação das big techs.
“Queria dizer para vocês que a gente vai julgar e vai cobrar imposto das empresas digitais americanas. Não aceitamos que, em nome da liberdade de expressão, você fique utilizando para fazer agressão, mentira, para prejudicar, violência contra criança, ódio entre as crianças, violência contra as mulheres, contra os negros, os LGBTQIA+”, destacou.
Ele também comparou o que Trump fez nos EUA em 6 de janeiro de 2021 e os episódios de 8 de janeiro de 2023 no Brasil. “Se o Trump morasse no Brasil e tentasse fazer no Brasil o que ele fez no Capitólio, certamente ele também seria julgado e poderia ser preso”, disse.
Segundo Lula, seu governo está aberto ao diálogo, mas não aceitará imposições. “Estamos com muita tranquilidade. Meu vice-presidente e o ministro das Relações Exteriores estão negociando há mais de dois meses […] Mas estou muito tranquilo. Sou jogador de truco. Quando o cara truca, a gente tem que escolher: eu corro ou eu grito ‘seis’ na orelha dele. Então eu estou jogando”.
Ao final de sua fala, o presidente reforçou a soberania do povo brasileiro: “sei quem é que manda nesse país, quem faz esse país ser o que é. O nome dessa pessoa só tem quatro letras: chama-se ‘povo’ brasileiro. É por ele que a gente vai lutar para que o Brasil seja respeitado, no Brasil e no mundo inteiro, como já é”.
“Nós não aceitamos que ninguém, de nenhum país fora do Brasil, se meta nos nossos problemas internos. É a primeira vez na história desse país que temos três generais de quatro estrelas presos. E não estão presos à toa. Estão presos porque tentaram dar um golpe. E vão ser julgados, não porque o Lula quer. Vão ser julgados com base nos autos do processo”, destacou Lula.