
Disparo de tanque israelense à única igreja católica de Gaza – a Igreja da Sagrada Família – perpetrado pelas tropas fascistas israelenses na quinta-feira (17) matou três idosos, duas mulheres e o zelador da paróquia, além de ferir seis pessoas gravemente, enquanto o pároco Gabriel Romanelli sofreu ferimentos leves nas pernas. É a segunda vez que essa igreja é atacada em dois anos.
Era com essa igreja que, durante meses, até sua morte, o Papa Francisco falou por telefone todos os dias, dando alento à resistência e à fé. No ataque anterior, em 2023, ali haviam sido mortas duas fiéis, mãe e filha.
Em outros ataques por toda a Gaza, as forças coloniais israelenses mataram mais de 90 pessoas nas últimas 24 horas e, segundo a Al Jazeera, dezenas delas em busca de comida.
O cardeal Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém, nomeou as três pessoas mortas no ataque à igreja em Gaza, como Najwa Abu Daoud, Saad Issa Kostandi Salameh e Foumia Issa Latif Ayyad, esta, uma idosa com 84 anos. Salameh, de 60 anos, era o zelador da igreja.
Diante da repercussão por mais esse crime de guerra, agora contra uma igreja, o regime nazi-israelense alegou tratar-se de um “erro” – repetindo o que fizera há dois dias, quando atribuiu o assassinato de seis crianças que buscavam água, atingidas por míssil, a um “defeito”no petardo. E prometendo “investigar”.
O vice-patriarca da Igreja Latina em Jerusalém disse à Al Jazeera que, apesar do horror do bombardeio da igreja, é apenas uma pequena parte do sofrimento mais amplo em Gaza, acrescentando que as alegações israelenses de erro são “inaceitáveis”.
REPÚDIO SE ESPALHA
Após o covarde ataque, o papa Leão XIV renovou seu apelo por “um cessar-fogo imediato” na Faixa de Gaza e manifestou ao pároco e a toda a comunidade “sua proximidade espiritual”, segundo o comunicado da Santa Sé. O Papa se disse “profundamente entristecido” ao saber da “perda de vidas e ferimentos” causados pelo ataque.
Em um comunicado, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, disse que “os ataques israelenses em Gaza também atingiram a Igreja da Sagrada Família”. “Os ataques contra a população civil que Israel vem realizando há meses são inaceitáveis. Nenhuma ação militar pode justificar tal atitude”, acrescentou.
A Autoridade Nacional Palestina repudiou o ataque à Igreja da Sagrada Família na Cidade de Gaza, que denunciou como expressão de uma escalada perigosa em um padrão de ataques cada vez mais descarados a locais sagrados cristãos. “É um indício claro de uma política sistemática de profanação, visando tanto civis quanto locais de culto, sem respeito ao direito internacional, à santidade religiosa ou aos valores humanos fundamentais.”
DISPARO DE TANQUE
O ataque ocorreu enquanto intensos bombardeios israelenses continuavam a atingir o bairro de al-Zaytun, uma área residencial histórica da Cidade de Gaza. Durante semanas, os mais de 600 palestinos – cristãos e muçulmanos – que se abrigam dentro do complexo da igreja sofreram bombardeios constantes, com as paredes da igreja tremendo com as explosões próximas.
De acordo com o jornal italiano L’Avvenire, o incidente ocorreu aproximadamente às 10h10, quando um explosivo disparado de um tanque israelense atingiu o telhado da igreja perto da cruz, causando danos estruturais significativos.
Os destroços caíram no pátio interno, atingindo vários civis, incluindo duas mulheres idosas que estavam sentadas dentro de uma tenda erguida pela Caritas Jerusalém para sessões de apoio psicológico.
Outras duas igrejas cristãs já foram atacadas, a Igreja Batista de Gaza e a Igreja Ortodoxa Grega de São Porfírio, esta a mais antiga da Faixa de Gaza e a terceira mais antiga do mundo. No ataque à Igreja de São Porfírio, 18 pessoas foram mortas. São dezenas as mesquitas bombardeadas.
Também o presidente francês, Emmanuel Macron, condenou o ataque aéreo israelense a uma igreja em Gaza, que chamou de “injustificável”. “Nossos pensamentos estão com as vítimas, suas famílias e todos os cristãos que, como todos os civis palestinos em Gaza e os reféns, estão vivendo o inferno”.
“É injustificável e vergonhoso que a ajuda humanitária não esteja sendo entregue em grande escala, violando todos os princípios internacionais de ação humanitária”, ele acrescentou, pedindo ainda o cessar-fogo e que civis e reféns sejam libertados da ameaça de guerra permanente.
NÚMEROS DO GENOCÍDIO
Com Israel sob investigação da Corte Internacional de Justiça da ONU, em Haia, por genocídio em Gaza, e com o primeiro-ministro Netanyahu com mandado de prisão por genocídio expedido pelo Tribunal Penal Internacional, os números mais recentes do morticínio, de acordo com o ministério da Saúde Palestina, são de pelo menos 58.667 mortos – na maioria mulheres, crianças e idosos – e quase 140 mil feridos. Milhares estão soterrados sob escombros e a fome é generalizada, sob o bloqueio e entrada mínima de alimento. E o governo israelense vem agindo abertamente para criar um campo de concentração sobre os destroços de Rafah, no sul, para onde pretende empurrar a tiro, bomba e fome, 600 mil palestinos. A serem deportados o mais rápido possível e liberando os negócios da “Riviera Sobre Cadáveres” de que falou Trump.