
Somando todos os ataques, morticínio chega a 246 no final de semana. Dois bebês morreram de desnutrição extrema no Hospital Al Shifa
Em 48 horas, no sábado (19) e domingo (20) as tropas coloniais israelenses mataram a tiros 96 palestinos famintos que tentavam obter comida em três locais da assim chamada Fundação Humanitária de Gaza (GHF) ianque-israelense, que a ONU tem denunciado como “armadilhas mortais” – 38 no sábado em em Khan Yunis e Rafah, no sul do enclave, e 58 no domingo, perto da Cidade de Gaza, em Sudainese. Ao mesmo tempo, hospitais anunciaram a morte de dois bebês palestinos por desnutrição extrema.
Considerando outros ataques, a matança no fim de semana alcançou a marca dos 246 palestinos, segundo as autoridades médicas de Gaza, com o genocídio beirando os 59 mil.
A mídia palestina publicou imagens chocantes mostrando os mortos e feridos, incluindo crianças, sendo transportados para o Complexo Médico Nasser. A testemunha Mohammed al-Khalidi disse à Al Jazeera que os tiros disparados contra os requerentes de ajuda no sábado foram “feitos para matar”.
“De repente, vimos os jipes vindo de um lado e os tanques do outro, e eles começaram a atirar em nós”, disse ele.
“De repente, vimos os jipes vindo de um lado e os tanques do outro, e eles começaram a atirar em nós”, disse ele.
Outra testemunha, Mohammed al-Barbary, cujo primo morreu no tiroteio, disse que os locais da GHF são “armadilhas mortais”.
“Qualquer um pode ser morto. Meu primo era inocente. Ele foi buscar comida. Ele queria viver. Queremos viver como todo mundo”, disse al-Barbary.
“A ocupação abriu fogo contra nós indiscriminadamente”, disse outro sobrevivente, Mahmoud Mokeimar, à agência de notícias Associated Press. Ele acrescentou que viu pelo menos três corpos imóveis no chão e muitos feridos fugindo.
Reportando de Deir el-Balah, no centro de Gaza, Hind Khoudary, da Al Jazeera, disse que as famílias que esperam algo para comer estão enterrando seus entes queridos.
“A menos que Israel permita a entrada de mais alimentos em Gaza, os palestinos não têm escolha a não ser arriscar suas vidas apenas por algo para comer”.
“Os pais vão aos locais de distribuição da GHF para correr o risco de serem mortos ou deixarem seus filhos morrendo de fome. Não há opção no mercado. Tudo é muito caro.”
A CHACINA NÃO PARA
Mas o morticínio não se limitou à fila da comida em um sábado regado a sangue pelas tropas genocidas de Netanyahu. Na Cidade de Gaza, três pessoas foram mortas em dois ataques aéreos israelenses no bairro de Zeitoun, de acordo com uma fonte do Hospital al-Ahli. Outras cinco pessoas foram mortas em um ataque aéreo israelense no bairro de Tal al-Hawa, de acordo com o Crescente Vermelho Palestino.
Ambulâncias e equipes de emergência confirmaram que seis palestinos deslocados foram mortos e outros feridos em um ataque israelense contra uma tenda perto da Escola Al-Tabi’in, no bairro de Al-Daraj, na Cidade de Gaza.
No bairro de Al-Zaytoun, a sudeste da Cidade de Gaza, mais quatro palestinos foram mortos, enquanto outros ficaram feridos em um ataque separado a um prédio de apartamentos perto do cruzamento de Al-Sha’biya.
No norte de Gaza, dois civis foram mortos e outros ficaram feridos em bombardeios em Jabalia al-Balad, com ataques adicionais atingindo Beit Lahia, de acordo com fontes locais.
No centro de Gaza, três civis ficaram feridos quando um drone israelense bombardeou um grupo de pessoas em Al-Maghraqa, enquanto o bombardeio de artilharia também atingiu o campo de refugiados de Al-Bureij na manhã de hoje. Bombardeio a uma casa matou uma família de 12 pessoas, inclusive o diretor da polícia de Nuseirat, coronel Omar Saeed Aql, de acordo com o Ministério do Interior.
Mais ao sul, o Complexo Médico Nasser confirmou a recuperação de mais quatro corpos após o bombardeio israelense em Bani Suhaila, a leste de Khan Yunis. Outro palestino deslocado foi morto em um ataque de drone a oeste da cidade.
De acordo com o Ministério da Saúde palestino, desde a implantação dos quatro matadouros da GHF em maio, só na fila da farinha mais de 900 palestinos foram mortos e 5.600 feridos. Apesar dos repetidos apelos de palestinos e atores internacionais para acabar com essas “armadilhas mortais” e restaurar a supervisão da ONU sobre a entrega de ajuda, os ataques israelenses aos palestinos em busca de comida e alívio não param.
Juliette Touma, diretora de comunicações da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), disse na semana passada que a agência tinha 6.000 caminhões esperando na fronteira com o Egito e a Jordânia, e a comida expiraria em breve se a UNRWA não fosse autorizada a entregá-la aos palestinos.
“ABRAM OS PORTÕES”
Jagan Chapagain, secretário-geral da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, alertou que os palestinos em Gaza enfrentam “um risco agudo de fome”. “Ninguém deveria ter que arriscar sua vida para obter assistência humanitária básica”, disse ele.
Os suprimentos básicos não estão disponíveis nos mercados ou pontos de distribuição, enquanto o custo de itens essenciais, como farinha, disparou, impossibilitando que a população de 2,3 milhões de pessoas atenda às suas necessidades nutricionais diárias.
Jan Egeland, chefe do Conselho Norueguês de Refugiados (NRC), rejeitou as afirmações feitas no início da semana pela chefe de política externa da União Europeia, Kaja Kallas, que observou “alguns bons sinais” em relação à distribuição de ajuda em Gaza.
“Para o NRC e muitos outros, nenhum alívio entrou por 142 dias. Nenhum caminhão. Nenhuma entrega”, escreveu Egeland em X. Ele observou que 85% dos caminhões de ajuda nunca chegam ao seu destino por causa de saques ou outros problemas alimentados pela crise de fome em Gaza.
A agência da ONU para refugiados palestinos, UNRWA, que Israel proibiu de operar no território palestino, inclusive em Jerusalém Oriental ocupada, disse que tinha “comida suficiente para toda a população de Gaza” esperando na passagem de fronteira no Egito.
“Abra os portões, levante o cerco e permita que a UNRWA faça seu trabalho”, disse a organização no X.
BEBÊS MORREM DE DESNUTRIÇÃO
Um bebê de 35 dias na Cidade de Gaza e uma criança de quatro meses em Deir el-Balah morreram de desnutrição no Hospital dos Mártires de Al-Aqsa. Eles foram identificados como Yahya Fadi Al-Najjar e Razan Abu Zaher. Eles chegaram ao hospital em estado crítico e morreram na unidade de terapia intensiva.
A mãe de Yahya estava tocando seu corpo, dizendo “sinto muito por não poder alimentá-la” e se lamentando por nada poder fazer, enquanto a via “morrendo na frente dos meus olhos”, relatou o Palestine Chronicle.
Estes não são os únicos dois casos, acrescentou a publicação. “De acordo com os médicos do hospital, eles estão recebendo casos de desnutrição a cada hora. Os pais vão aos locais de distribuição da GHF para correr o risco de serem mortos ou deixarem seus filhos morrendo de fome. Não há opção no mercado. Tudo é muito caro. Os pais dizem que estão com fome e incapazes de garantir uma refeição para seus filhos.”
As mortes ocorreram quando o Ministério da Saúde de Gaza alertou que as enfermarias de emergência dos hospitais estavam sobrecarregadas por um número sem precedentes de pessoas famintas, com autoridades alertando que 17.000 crianças em Gaza estão sofrendo de desnutrição grave.
Malditos fascistas, que atiram contra idefeso. Cadê a decência de Israel? Vai frear essa matança e punir os fascistas ou deixar eles seguirem aterrorizando inocentes?