O que existe são as provas da culpa de Lula e outros ladrões – Sérgio Cabral, Eduardo Cunha, José Dirceu, etc. & etc.
Por isso, é ridícula – e, pior, de má fé – a nota do PT, segundo a qual, a aceitação por Moro do convite de Bolsonaro, para fazer parte de seu ministério, prova “definitivamente o que sempre afirmamos em recursos apresentados aos tribunais brasileiros e também ao Comitê de Direitos Humanos da ONU: Lula foi processado, condenado e encarcerado sem que tenha cometido crime, com o claro objetivo de interditá-lo politicamente” (grifo nosso).
Talvez a nota prove que o PT afundou definitivamente em um mundo paralelo à Terra, onde a verdade pode ser substituída pela mentira.
Mas, em nosso planeta, não vai ser assim, juntando abacaxis com rodas de velocípedes, que o PT conseguirá provar que Lula não é ladrão.
O motivo é bastante simples: porque ele é – e não há sofisma ou onda pré-fabricada de cinismo que possa anular ou apagar as provas de que roubou, de que recebeu propina.
Já dissemos a nossa opinião sobre a aceitação, por Moro, do convite de Bolsonaro para ser “ministro da Justiça e Segurança Pública” (v. Bolsonaro quer usar Moro para dar respeitabilidade de fachada a um governo sem nenhuma).
O convite de Bolsonaro serve aos interesses de Bolsonaro – de esconder a si e ao seu entorno atrás de Moro.
Mas não serve aos interesses do país – entre estes, com principalidade, o de combater a corrupção de uma oligarquia política putrefata, que infecta a Nação.
A onda de cinismo, que pretende ver na aceitação do convite por Moro a prova de que suas sentenças foram injustas, ou motivadas politicamente, é um sintoma desse desserviço.
Mas nem por isso é verdadeira – ou deixa de ser, apenas, cinismo.
E não é lícito confundir os canais: Moro aceitou fazer parte de um governo reacionário, cujo núcleo é especialmente repugnante, inclusive sob o prisma do combate à corrupção.
Porém, Lula roubou dinheiro do povo, chefiou um esquema para saquear a maior propriedade dos brasileiros – a Petrobrás – e os fundos dos trabalhadores de estatais.
São duas coisas bem diferentes. Uma é um erro político. A outra é um crime.
Quem confunde uma coisa com outra – ou acha que o erro político de Moro absolve os crimes de Lula – é cínico ou imbecil.
A cúpula petista não acredita em nada do que está dizendo. Todos eles sabem que Lula roubou, que o esquema montado contra a Petrobrás, e os fundos de pensão, era para beneficiar o seu partido, etc.
Mas continuam afirmando que nada disso é verdade. Não há um grama de autocrítica, apesar de todo mundo saber que o PT – e, particularmente, Lula – roubaram dinheiro público.
Foi exatamente isso o que possibilitou a eleição de Bolsonaro. O repúdio ao PT não é apenas pelo roubo. Mais do que pelo roubo, é pelo atentado à inteligência das pessoas, pelo desrespeito ao próximo, que é continuar afirmando que não fizeram o que todos sabem que fizeram – e até inventar uma narrativa, segundo a qual tudo é perseguição do juiz Moro…
Porém, como dizia aquela música do Chico nos velhos tempos, qual o quê!
O trabalho do juiz Sérgio Moro, como titular da 13ª Vara Federal de Curitiba foi exemplar. Apesar de todos os brilhantes juristas que são pontos altos do Direito brasileiro (alguém já chamou Rui Barbosa de “a cordilheira”), poucas vezes, na História do Brasil, um juiz proferiu sentenças tão minuciosas, tão rigorosas no exame das provas, e tão importantes, quanto o juiz Moro.
Sobre o caso de Lula, especificamente, remetemos o leitor, que exerce, e deve exercer, o seu direito de São Tomé – o apóstolo de Cristo que exigia provas para ter fé -, aos seguintes documentos oficiais:
1) Denúncia da Procuradoria no caso da propina do triplex.
E, mais: quanto ao julgamento do mesmo processo na segunda instância – o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) – o leitor poderá consultar as sentenças dos três outros juízes, que analisaram o caso e consideraram que Moro fora suave em sua sentença, aumentando-a de nove anos e seis meses para 12 anos e um mês de cadeia (além do pagamento de 280 dias-multa, com valor unitário de cinco salários mínimos):
3) Voto do relator no TRF-4, desembargador João Pedro Gebran Neto.
4) Voto do revisor no TRF-4, desembargador Leandro Paulsen.
5) Voto do desembargador Victor Luiz dos Santos Laus.
A condenação foi por corrupção passiva e lavagem de dinheiro roubado.
Não existe nada que possa borrar as provas apresentadas e repisadas nestes documentos.
A mesma coisa pode-se dizer das provas contra os companheiros de Lula, também condenados por Moro. Por exemplo:
– Sérgio Cabral (v. denúncia e sentença).
– José Dirceu (v. denúncia e sentença).
– Eduardo Cunha (v. denúncia e sentença).
– João Vaccari (v. denúncia e sentença).
– Antonio Palocci (v. denúncia e sentença).
Vamos parar por aqui. Se o leitor quiser, ainda, mais provas, pode consultar o conjunto dos processos da Operação Lava Jato em que o juiz Moro atuou, na página em que o Ministério Público reuniu as informações sobre os casos na 13ª Vara Federal de Curitiba.
A aceitação do convite de Bolsonaro por Moro, portanto, não transforma ladrões em arcanjos, nem quem ele condenou em inocente, nem é prova de nada em relação à condenação de Lula e outros corruptos.
As provas verdadeiras continuam existindo – e provam que Lula e assemelhados mereceram a sentença que lhes proferiu o juiz Moro.
Por fim, uma questão além dessa: quando Adib Jatene aceitou o convite de Collor para ser ministro da Saúde, nós não ficamos satisfeitos.
Sabíamos que Collor tentava passar, convidando Jatene, uma respeitabilidade que ele, Collor, não tinha, assim como o seu governo. Ou seja, tentava usar a respeitabilidade de Jatene para manipular o povo.
Mas nem por isso nos ocorreu que o inimigo do povo deixava de ser Collor para ser o Dr. Jatene.
Aliás, apesar de não gostar da sua opção, não deixamos de ser amigos do grande cirurgião acriano.
Porque, simplesmente, não era Jatene, mas Collor, quem arraigava a infâmia no solo do país.
Ainda que existam diferenças, a mesma coisa se pode dizer de Moro.
Não é Moro que representa a antítese do povo brasileiro, mas Bolsonaro.
Portanto, não é preciso ficar nervoso com sua aceitação do convite de Bolsonaro.
A vida tem – e dá – muitas voltas.
Alguns, mais velhos, ainda se lembram do que fazia o grande Teotônio Vilela, em Alagoas, no dia 1º de abril de 1964.
Pois é. E nada que ele fez naquele dia abafou sua posterior grandeza.
C.L.
Estes pulhíticos “era lulista”, pensavam somente nas próximas eleições. Verdadeiros estadistas pensam na prosperidade do País , do povo, e nas próximas gerações.
GRATIDÃO, MM. Dr. SERGIO MORO.
Nosso imenso respeito e carinho.