
Em novo sintoma do isolamento do regime genocida israelense, representantes dos países reunidos em Bogotá declaram em documento conjunto, que “a agressão a Gaza deve cessar imediatamente”
“Mais derramamento de sangue não serve a nenhum propósito”, diz a declaração, que pede “um cessar-fogo imediato, incondicional e permanente” e , alerta para o fato de que “o sofrimento dos civis em Gaza atingiu novos níveis” e tacharam de “inaceitável” a recusa do governo israelense em fornecer assistência humanitária essencial à população civil..
A declaração, assinada por ministros das Relações Exteriores dos países signatários na segunda-feira (21), também repudiou que “mais de 800 palestinos tenham sido assassinados enquanto tentavam obter ajuda”, em referência à Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), instaurada por Washington e Tel Aviv, já denunciada pela ONU como uma “armadilha mortal”. O documento também pede a libertação dos reféns.
“O modelo de distribuição de ajuda implementado pelo governo israelense é perigoso, alimenta a instabilidade e priva os habitantes de Gaza de sua dignidade humana”, enfatizaram os ministros.
Os países exigem, ainda, que Israel suspenda imediatamente todas as restrições à entrada de ajuda e permita que agências da ONU e organizações humanitárias operem de forma segura e eficaz no território palestino.
A declaração também se opõe a qualquer iniciativa destinada a modificar o território ou a demografia na Faixa de Gaza e advoga o fim da ação dos assim chamados “colonos” nos territórios ocupados.
São signatários Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Islândia, Irlanda, Itália, Japão, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Países Baixos, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Portugal, Suécia, Suíça e Reino Unido. A declaração também foi assinada pela comissária de Igualdade da União Europeia, Hadja Lahbib.
Sob o pretexto de “combate ao antissemitismo”, parte desses países, até então, vinha se recusando a pressionar mais ativamente o governo investigado pela Corte Internacional de Justiça por genocídio, e alguns continuam fornecendo armas.
Na Europa, a oposição ao genocídio segue crescendo com manifestações nas ruas e protestos como a recusa dos estivadores em carregarem navios israelenses. Um grupo de Estados, como a Espanha, Irlanda, Noruega e Bélgica tem trabalhado para que a Europa reconheça o Estado Palestino – como já fazem 142 países.
“MENSAGENS DESESPERADAS DE FOME”
Em paralelo, a Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA) informou que estava recebendo “mensagens desesperadas de fome” de sua equipe na Faixa de Gaza, submetida por dois meses a um bloqueio total da ajuda e da entrada de alimentos, a partir do rompimento, por Israel, em março, do cessar-fogo, e agora, entrando a conta-gotas.
Em uma publicação na rede social X, a UNRWA observou que a escassez em Gaza fez com que os preços dos alimentos aumentassem 40 vezes. “Levantem o cerco e permitam que a entrada de ajuda com segurança e em massa”, instou a agência, que afirmou ter reservas suficientes em seus armazéns fora de Gaza para alimentar “toda a população por mais de três meses” – enquanto as tropas israelenses impedem a entrada dos caminhões com a ajuda.
No fim de semana, as autoridades de Saúde de Gaza confirmaram a morte, por desnutrição extrema, de um bebê de 35 dias e de outro, com quatro meses. Mas, possivelmente exercendo a autoincriminação investigada em Haia, o governo de Israel asseverou que não havia “nenhuma proibição ou restrição à entrada de leite materno ou alimentos para bebês em Gaza” – enquanto o mundo presencia, chocado, centenas de mortes a tiros, quando buscavam em desespero comida para seus filhos.