
Ele foi um dos primeiros a saber e disse que a taxação contra o Brasil tinha sido fruto de sua conspiração. O comparsa Paulo Figueiredo confessou que os dois estavam em contato com agentes do mercado financeiro
Poucas horas antes de Donald Trump anunciar que iria impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros vendidos no mercado americano, alguns poucos espertalhões bem informados fizeram uma compra bilionária de dólares, apostando contra o real. Logo em seguida ao anúncio, esses mesmos espertalhões venderam os dólares e embolsaram um ganho extraordinário em poucas horas. O primeiro a comemorar a decisão de Trump foi Eduardo Bolsonaro.
PRIMEIRO A SABER
Ele se gabou, inclusive, de que a taxação contra o Brasil tinha sido resultado de seu trabalho conspiratório contra o país dentro dos Estados Unidos. Certamente, a proximidade do traidor com os membros do governo Trump deram a ele a possibilidade de ser um dos primeiros a tomar conhecimento sobre a decisão de atacar o Brasil. Eduardo Bolsonaro é suspeito de ter se aproveitado da informação.

Alexandre de Moraes determinou que a PF investigue a trama contra o real. O caso tramitará no STF como uma petição autônoma e sigilosa e será relatado por Moraes por prevenção, pois o ministro é o responsável pelas investigações contra o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A Advocacia Geral da União também abriu uma investigação sobre o vazamento que beneficiou os especuladores que apostaram contra o real antes do anúncio de Trump.
GANHO BILIONÁRIO
Reportagem de Natalia Viana, do site Pública, mostra os detalhes do que aconteceu. “Às 16:17 do dia 9 de julho (horário de Nova York), Trump publicou uma carta na sua rede social Truth Social, anunciando a tarifa volumosa ao Brasil. Como esperado, houve forte desvalorização do real em relação ao dólar”, afirma a jornalista.
“Entretanto”, prossegue a reportagem, “às 13:30 já havia especulação em relação ao câmbio: alguém comprou uma quantidade grande de dólares, apostando contra o real. Segundo reportagem da TV Globo, que ouviu o fundador da Tolou Capital Management, o investidor Spencer Hakimian, o valor da compra foi de 3 a 4 bilhões de dólares. Depois do anúncio, com a desvalorização do real, o criminoso vendeu o mesmo valor em dólares que comprara três horas antes, lucrando, segundo Spencer, de 40 a 50% do valor investido”.
HOMENAGEM BOLSONARISTA A TRUMP
Uso de informações privilegiadas, ou insider trading, é crime, e pode ser punido com penas de 1 a 5 anos de cadeia, alerta a AGU. “Por fim, registra-se que, além da esfera criminal, o uso ilícito de informação privilegiada enseja responsabilidade civil e administrativa, inclusive por prejuízos ao mercado e a investidores”, prossegue o pedido. “Em razão disso, internamente, a Advocacia-Geral da União já instou de forma urgente a Procuradoria-Geral Federal para que acione a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)”.

Paulo Figueiredo, neto de um ex-ditador brasileiro e comparsa de Eduardo na conspiração nos EUA, fez declarações que fortalecem as suspeitas do envolvimento da dupla no trambique. “Se eu atuasse no mercado financeiro, eu estaria simplesmente apavorado com a possibilidade de sanções econômicas dos Estados Unidos subsequentes a essas dobradas de aposta”, disse o neto de João Batista Figueiredo, que também tem negócios com Trump, em uma live no dia 17 de julho de 2025.
PF E AGU VÃO INVESTIGAR
Paulo Figueiredo acabou confessando a ligação da dupla com integrantes do mercado financeiro. “Está havendo um movimento de inúmeros empresários grandes virem conversar comigo e com Eduardo Bolsonaro”, afirmou. Por isso, o Supremo Tribunal Federal (STF), que já investiga a atuação de Eduardo nos EUA pelos crimes de coação durante processo judicial, obstrução da Justiça e atentado contra o Estado democrático de Direito, agora investiga também a possibilidade de que a dupla de conspiradores tenha usado informação privilegiada com vistas a ganhar bilhões com a traição.
Agora, a Advocacia Geral da União (AGU) quer entender se houve vazamento de informação privilegiada pouco antes da divulgação da taxação por Trump. Se Eduardo Bolsonaro e Figueiredo tiveram acesso a essa informação e contaram para alguém, o entendimento da Justiça brasileira pode ser que esse movimento financeiro faz parte de uma campanha internacional para pressionar o STF.