
“As pessoas em Gaza não estão vivas nem mortas, são cadáveres ambulantes”, afirmou o comissário geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), Philippe Lazzarini, repercutindo a denúncia de funcionários da ONU presentes no enclave palestino. “A situação nunca esteve tão grave”, frisou Lazzarini
O Comissário-Geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), Philippe Lazzarini, denunciou o governo de Israel por deter 6.000 caminhões de ajuda humanitária na fronteira com o Egito e agravar a fome na Faixa de Gaza.
“As pessoas em Gaza não estão vivas nem mortas, são cadáveres ambulantes”, afirmou o comissário geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), Philippe Lazzarini, repercutindo a denúncia de funcionários da ONU presentes no enclave palestino. “A situação nunca esteve tão grave”, declarou Lazzarini, frisando que o número de mortes cresce e aumenta a cada dia.
Mais de dois milhões de pessoas padecem com a falta de acesso a alimentos suficientes e outros itens essenciais para a subsistência após 21 meses do atual cerco sionista, responsável, conforme a Organização Mundial da Saúde, por tamanha dor. De acordo com organizações internacionais, as distribuições de ajuda permitidas em Gaza “são, em média, de apenas 28 caminhões por dia”.
O porta-voz do secretário-geral da ONU, Stephane Dujarric, assinalou que as autoridades israelenses agem de forma desumana ao não conceder as autorizações para que a equipe da organização tenha acesso à ajuda, muito menos para coletá-la e distribuí-la. “A travessia de Kerem Shalom [onde os caminhões estão localizados] não é um self-service do McDonald’s, onde simplesmente paramos e pegamos o que pedimos”, protestou Dujarric.
Um médico entrevistado pela BBC em Gaza disse que os palestinos “não estão perto da fome, a estamos vivendo, com a fome em todas as partes”.
Diante do agravamento da situação, mais de 100 organizações internacionais lançaram um manifesto esta semana responsabilizando Israel pela fome em massa.
Agências de notícias como AFP, AP e Reuters advertiram que jornalistas em Gaza correm o risco de morrer de fome: “Agora eles enfrentam as mesmas circunstâncias desesperadoras daqueles que cobrem”.
Sem alimentos, água potável, assistência médica ou remédios, os profissionais de imprensa também se encontram à beira de uma catástrofe humanitária. O coordenador clínico da Médicos Sem Fronteira (MSF), Mohammed Abu Mughaisib, enfatizou “ser esta a primeira vez que testemunhamos uma prevalência tão grave de casos de desnutrição em Gaza”. “A fome poderia acabar amanhã se as autoridades israelenses permitissem a entrada suficiente de alimentos”, reiterou.
A ONU assinala que aproximadamente 87,8% de Gaza está sob ordens de evacuação do governo de Benjamin Netanyahu ou localizada em zonas militarizadas israelenses, deixando os cerca de 2,1 milhões de habitantes confinados em aproximadamente 46 quilômetros quadrados. A parte principal está sendo reservada por Trump e Netanyahu para a construção de um resort às margens do Mediterrâneo.
Desde o início da agressão israelense de 7 de outubro de 2023, os bombardeios chacinaram mais de 59.000 pessoas, incluindo mais de 17.000 crianças, e feriram 142.000, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.