
Ministro das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, Ronald Lamola, em discurso para uma conferência internacional na sede da ONU, em Nova Iorque, defendeu que todos os países reconheçam o Estado Palestino
Com o objetivo de liderar soluções para alcançar soluções para os Dois Estados no “conflito entre Israel e Palestina”, Lamola disse que o governo da África do Sul é antiguerra e que prefere o diálogo.
Ele também disse que para recuperar a credibilidade da “Solução dos dois estados”, a África do Sul defende princípios chave como fundamentais.
“Em primeiro lugar, todos os Estados devem reconhecer urgentemente o Estado da Palestina, e a integridade territorial e a contiguidade da Palestina devem ser estabelecidas e respeitadas. A este respeito, a África do Sul saúda as intenções de reconhecimento do Estado da Palestina pela França como um passo importante para alcançar uma solução de dois Estados,” ele disse.
“Em segundo lugar, não pode haver paz enquanto a própria existência do povo palestino estiver ameaçada pelas contínuas ações genocidas de Israel em Gaza e pela deslocação forçada de palestinos na Cisjordânia. Isso faz parte de um padrão sistemático de injustiças e opressão dos palestinos desde a adoção da Resolução 181 em uma tentativa da ONU de remediar a Nakba (Catástrofe) com a expulsão de 750 mil palestinos de seus lares em 1948, muitos deles indo para superlotar a Faixa de Gaza. Estas ações têm de ser condenadas e o Conselho de Segurança das Nações Unidas tem de atuar para proteger o povo palestino, no todo e em parte.”
“Em terceiro lugar, a preservação da viabilidade da solução de dois Estados deve incluir a promoção de salvaguardas como o pleno respeito pelo direito internacional, incluindo o direito internacional humanitário e os direitos humanos. É necessário para a implementação imediata e integral das resoluções das Nações Unidas e das medidas provisórias, bem como dos pareceres consultivos da Corte Internacional de Justiça.”
“Não apenas Israel, mas todos os Estados, devem cumprir nossas obrigações coletivas sob o direito internacional. Todos nós temos o dever de preservar a santidade do direito internacional e garantir a responsabilidade. É nesse cenário que vimos o estabelecimento do Grupo de Haia e a recente reunião do Grupo de Madri para elevar a primazia do direito internacional, promover a responsabilidade e garantir uma paz justa.”
“Por último, todos os obstáculos à Solução de Dois Estados devem ser removidos. Isso inclui:
a) Um cessar-fogo imediato e um compromisso com um processo de paz;
b) A libertação de reféns pelo Hamas e de presos políticos pelo Estado de Israel;
c) a interrupção da expansão ilegal dos assentamentos israelenses;
d) A remoção do muro de separação ilegal que atravessa o território palestino ocupado; e
e) O reatamento de todos os esforços de ajuda humanitária de renome internacional e a reconstrução de Gaza, o que, obviamente, só pode ter lugar quando houver paz.”
Essa conferência está acontecendo durante o brutal genocídio da população em Gaza perpetrado por Israel com o auxílio dos EUA e seus aliados. Mais de 60.000 palestino foram mortos, com a destruição de toda infraestrutura civil em Gaza pelas forças de Israel, a contagem de mortos pode revelar dimensões muito maiores da chacina.
Gaza é a região em que mais se concentra crianças com amputações, vítimas da máquina de extermínio israelense.
Com o bloqueio israelense da entrada de ajuda humanitária, Gaza está sofrendo com a fome extrema, 1 em cada 3 pessoas estão há dias sem se alimentar. Desde meados de julho, ao menos 16 crianças com menos de 5 anos morreram de causas relacionadas à fome.
Desde abril desse ano, mais de 20.000 crianças palestinas foram tratadas com sintomas de desnutrição aguda.