Metade da população iemenita – 14 milhões – está muito próxima da fome, enquanto 22 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, alertou que o Iêmen “está à beira do precipício” e que o conflito armado no país está prestes a causar a mais severa fome registrada no planeta em várias décadas. Desde que um levante fez o governo fantoche fugir para Riad, uma coalizão encabeçada pela Arábia Saudita e armada pelos EUA tem bombardeado o país diariamente e agora prepara o assalto final ao porto de Hodeidah, por onde entra toda a ajuda humanitária, remédios e alimentos, que mantêm por um fio a vida de milhões de iemenitas.
“No aspecto humanitário, a situação é desesperadora”, afirmou Guterres, conclamando a “fazer o possível” para que as “já terríveis condições não se deteriorem e se convertam na pior fome que vimos em décadas”. De acordo com a ONU, 14 milhões de iemenitas – metade da população – está à beira da fome, enquanto 22 milhões de pessoas – 75% da população – precisa de ajuda humanitária. Recente estudo revelou que o número de mortos pelos bombardeios ultrapassa os 50 mil. Os ataques também destruíram a infraestrutura sanitária do país, provocando uma epidemia de cólera.
“Nos últimos meses, a escalada militar e uma severa e rápida crise econômica pioraram ainda mais a situação” afirmou o secretário-geral da ONU, acrescentando que “o direito internacional humanitário foi violado repetidamente”. Guterres pediu que a coalizão saudita permita que as importações comerciais e humanitárias de alimento, combustiveis e outros elementos essenciais entrem no Iêmen sem restrições. Segundo relatórios da ONU, a maior parte das mortes de civis foi causada por ataques indiscriminados sauditas, em violação das leis de guerra.
O enviado especial da ONU ao Iêmen, Martin Griffiths, está tentando reabrir as negociações entre todas as partes no conflito o mais rápido possível. Também a Rússia, que apoia os esforços da ONU por uma solução política, tem convocado a que “todos os portos e aeroportos” do Iêmen continuem abertos e operacionais, para a chegada de bens humanitários e comerciais.