
“Há um sentimento de reação soberana em relação ao ataque que nós estamos sofrendo”, declarou a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, manifestou indignação com a imposição de tarifas descabidas contra as exportações brasileiras para os EUA, levadas a efeito pelo presidente Donald Trump. Ela destacou a reação soberana do governo brasileiro. “Há um sentimento de reação soberana em relação ao ataque que nós estamos sofrendo”, declarou Luciana Santos ao Painel da Folha de S.Paulo.
A ministra disse que o governo está preparando medidas para enfrentar esses ataque, levando em conta, inclusive, a legislação recentemente aprovada por unanimidade no Congresso Nacional. “Estamos vendo dentro da lógica da lei da reciprocidade, que foi aprovada por unanimidade no Congresso”, disse.
Na quarta-feira (30/7), Trump publicou o decreto mantendo o tarifaço de 50% sobre parte dos produtos brasileiros.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, “aproximadamente 44,6% das exportações brasileiras para os EUA estão fora da tarifa adicional de 50% aplicada unilateralmente pelo governo norte-americano”. A ordem executiva assinada pela Casa Branca traz uma lista com 694 produtos que ficaram de fora da medida, entre eles aviões, celulose, suco de laranja, petróleo e minério de ferro.
Uma das iniciativas levadas ao presidente Lula, conforme declarou a ministra ao Painel, seria cobrar das big techs a Contribuição sobre Intervenção no Domínio Econômico (Cide). “74% do nosso Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) vem da CIDE. E as big techs não são taxadas pela Cide”, disse.
Luciana também criticou a tentativa de intervenção do governo americano nos rumos da política nacional. Notoriamente, sem qualquer justificativa econômica e de caráter imperial, ao tentar vincular a suspensão das medidas a uma “derrubada” do processo que Jair Bolsonaro responde no Supremo Tribunal Federal (STF) pela tentativa de golpe de estado.
“Agora, o papel do clã [Bolsonaro] é o mais vergonhoso que possa se ter”, afirmou. “Os falsos patriotas, na figura do Eduardo Bolsonaro, que tenta salvar a pele do pai”, declarou a ministra.
Avaliou, ainda, que o protagonismo do Brasil nos BRICS (formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que tem desempenhado importante papel na busca por uma nova ordem mundial, tenha sido o pano de fundo para os ataques ao país.