
“Ficou claro que a UE não tem soberania nenhuma”, comentou o presidente russo, sobre a submissão dos europeus – que, de outra forma, seriam “gigante econômico” – ao tarifaço de Trump
A União Europeia (UE) perdeu completamente a sua soberania, afirmou o presidente russo, Vladimir Putin, nesta sexta-feira (1º), durante visita ao Mosteiro de Valaam acompanhado pelo seu homólogo bielorrusso, Alexander Lukashenko.
“Já era claro que a UE não tinha muita soberania, mas hoje ficou claro que não tem nenhuma”, disse Putin, enfatizando que atualmente a soberania “também desempenha um papel fundamental no desenvolvimento econômico”.
O comentário se refere ao acordo comercial firmado na semana passada entre a UE e os Estados Unidos, segundo o qual os produtos europeus exportados para os Estados Unidos estarão sujeitos a uma tarifa de 15%, enquanto que os produtos americanos estarão completamente isentos de taxas, e ainda se comprometeram a comprar US$ 750 bilhões ao longo de três anos do caro GNL americano e investir US$ 600 bilhões nos EUA, principalmente comprando armas de fabricação norte-americana.
Acordo que ficou marcado pela deprimente cena da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, desarvorada e de mãos cruzadas sobre os joelhos, diante de um arrogante Donald Trump, numa reunião realizada no clube privé de golfe dele na Escócia.
A falta de soberania nessa situação “acarreta imediatamente em perdas econômicas”, enfatizou Putin, acrescentando que a UE é “um gigante econômico, mas um anão político”.
“Estas não são minhas palavras; não quero ofender ninguém. Nós mesmos lemos isso em fontes ocidentais”, disse o presidente russo.
Observe-se que, quando se computa todo o intercâmbio comercial entre os EUA e a Europa, incluindo os bens e os serviços (aí as Big Techs entram na conta), ao invés do déficit alardeado por Trump de US$ 235 bilhões (apenas bens e commodities), o valor cai para US$ 50 bilhões, ao incluir os serviços.
Como o dólar desvalorizou cerca de 12% em relação a uma cesta de moedas, a penalização para as empresas europeias vai a 27%. E por um diferencial de US$ 58 bilhões no último ano, Trump arrancou dos europeus a promessa de pagar US$ 1,35 trilhão ao longo de três anos.