
Em evento do PT, neste domingo, o presidente disse que não quer briga com outros países, mas advertiu: “agora, não pensem que nós temos medo. Não pensem”
O presidente Lula afirmou, neste domingo (3), que o governo está trabalhando para proteger as empresas e empregos brasileiros da taxação de Donald Trump, mas há “limites de briga” com os EUA.
As declarações do presidente aconteceram no encerramento do 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores, no Complexo Brasil 21, em Brasília.
Ele destacou que a defesa da soberania brasileira é imprescindível e condenou a atuação da família Bolsonaro contra o Brasil, ao apoiar Donald Trump na imposição da tarifa de 50% em nossos produtos exportados e na sanção contra o ministro Alexandre de Moraes.
“Eles estão traindo o povo brasileiro. Renunciar ao mandato de deputado para ir lá, ficar lambendo as botas do Trump, e pedindo para ele taxar o Brasil mais alto, mais alto, mais alto, o máximo que puder. E nós precisamos dizer: nesse país aqui, a gente tem muitos defeitos, mas quem é brasileiro e quem defende esse país somos nós, o povo brasileiro, e disso, nós não abrimos mão”, rebateu Lula.
“Nós vamos ajudar as nossas empresas, nós vamos defender os nossos trabalhadores e vamos dizer o seguinte, quando quiser negociar, as propostas estão na mesa. Aliás, já foram apresentadas propostas pelo Alckmin [vice-presidente] e pelo Mauro Vieira [ministro das Relações Exteriores]”, falou Lula.

“O governo tem que fazer aquilo que ele tem que fazer. Por exemplo, nessa briga que a gente está fazendo agora, com a taxação dos Estados Unidos, eu tenho um limite de briga com o governo americano. Eu não posso falar tudo que eu acho que eu devo falar, eu tenho que falar o que é possível falar, porque eu acho que nós temos que falar aquilo que é necessário”, continuou.
O presidente falou que o Brasil não quer “confusão”, nem “brigar” com outros países. “Agora não pensem que nós temos medo. Não pensem”.
O presidente declarou em seu pronunciamento que é necessário dar ao povo o que ele precisa.
“É preciso fazer com que o povo compreenda uma narrativa sobre o que é democracia. Porque a democracia, para o povo, nós temos que ser claros: não é ele ter o direito de votar, não é ele ter o direito de escolher um deputado. Isso é importante, mas a democracia tem que dar para o povo alguma coisa prática, material”, ponderou.
“Ele quer trabalhar e ter um bom emprego, ele quer comer e ter boa comida, ele quer morar e ter boa moradia, ele quer estudar”, acrescentou Lula.
A ex-presidente da legenda e atual ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse no evento que os brasileiros precisam “lutar contra a intervenção estrangeira no nosso país”.
Segundo ela, a tentativa de ingerência dos EUA sobre o Judiciário brasileiro foi causada “por um ex-presidente e sua família que querem anistia, que se fantasiam com a bandeira brasileira e entregam o nosso país ao estrangeiro. Sem anistia!”.
O PT deu posse à sua nova direção nacional, neste domingo, e aprovou sua tese denunciando o genocídio realizado por Israel contra o povo palestino na Faixa de Gaza.
O novo presidente do partido, Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara, falou que a soberania nacional, atacada por Donald Trump, será um tema central nas eleições de 2026.
“Não admitiremos que nenhuma de nossas instituições seja atacada e vamos dizer que não somos e nem queremos ser um quintal dos Estados Unidos”, afirmou.
Edinho disse que o governo Lula atua pela “construção de um Brasil que seja forte, que tenha uma agricultura forte, uma pequena propriedade organizada e produtiva, uma indústria forte, um país que seja capaz de produzir riqueza. Mas, também, um país que faça reforma agrária, que faça reforma da renda, que apoie o pequeno e médio empresário e que olhe para os excluídos e sofridos”.
O novo presidente do PT também denunciou que Israel viola a Declaração dos Direitos Humanos com os ataques contra a população civil na Faixa de Gaza
Edinho lembrou que o povo judeu foi vítima e “deu origem, de forma fundamental, à declaração dos direitos humanos. Os judeus têm que defender os direitos humanos. Não é possível que o povo judeu rasgue a declaração dos direitos humanos convivendo com a situação da Palestina. O povo judeu tem que ser maior do que o atual governo de Israel”.
O PT aprovou uma resolução que classifica como genocídio o que Israel está realizando em Gaza. “O PT defende o fim do genocídio em Gaza, a total desocupação do território pelo exército israelense e o imediato reconhecimento do Estado Palestino pela comunidade internacional”, diz a tese aprovada.