Três anos depois, a maior tragédia ambiental do Brasil, o rompimento de barragem de Fundão em Mariana (MG) que matou 19 pessoas e despejou 39 milhões de metros cúbicos (m³) de rejeitos de minério de ferro sobre o leito do Rio Doce, chegando até o Espírito Santo, os crimes da mineradora Samarco e de suas subsidiárias Vale e BHP Billiton seguem impunes e as vítimas abandonadas.
Na Justiça criminal ou nos tribunais cíveis a questão ainda não foi resolvida. Nem mesmo as famílias dos 19 mortos receberam uma indenização financeira condizente com a sua perda.
A barragem era administrada pela Samarco, que por sua vez é controlada pelas mineradoras Vale e BHP Billiton e. A empresa firmou acordos com 16 famílias que até hoje não foram pagos. A estimativa mais otimista dos promotores de Justiça que atuam na força-tarefa do Rio Doce é de que os ressarcimentos comecem a ser pagos em meados de 2020.
“Aquilo que a gente mais quer é voltar a ter a nossa casa, nossos vizinhos. Já passou muito tempo para um sofrimento desses e a gente ainda ficava sem saber se ia ser pago, se ia ficar tudo por isso mesmo”, disse o comerciante Mauro Marques da Silva, de 49 anos, que vivia em Bento Rodrigues e atualmente mora numa casa alugada no Centro de Mariana.
O temor dos parentes das vítimas é de que manobras jurídicas que têm ocorrido possam tornar os crimes mais leves, livrando os executivos e administradores de penas severas. “Acho que vão todos ficar sem punição. A empresa (Samarco) tem muita força. Só não pode mais do que Deus”, disse a dona de casa Marli de Fátima Felício Felipe, de 34 anos, que perdeu a mãe na tragédia, não foi indenizada e não acredita que a Justiça punirá criminalmente os réus.
No último dia nove de outubro, André Ferreira Cardoso executivo da Samarco teve a denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF) revertida pelos desembargadores do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) para inundação seguida de morte. A pena original poderia chegar a 30 anos, enquanto a do crime de inundação não passa de oito. Cardoso que além do tipo do crime revertido, recebeu habeas corpus, era o representante da BHP Billiton no conselho da Samarco.
Outro executivo, José Carlos Martins, que integrava o conselho da Samarco em nome da Vale, teve a sua ação extinta e o processo foi trancado. O MPF recorre da decisão, que pode valer para os demais 21 acusados de homicídio.
No momento em que a tragédia completa três anos o sentimento é de que uma justa reparação ainda está muito distante da vida dos atingidos.