
Reaproximação entre os dois países está ocorrendo em plena guerra tarifária de Trump
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, anunciou que visitará a China para a cúpula da ‘Organização para Cooperação de Xangai’ (OCX), no final do mês. Vai ser a primeira visita do chefe de estado indiano desde 2018 e está acontecendo em meio à guerra tarifária com os EUA de Donald Trump.
Em plena guerra tarifária de Trump contra os países, foi noticiado nesta sexta-feira(8) que o governo indiano suspendera as compras de armamentos e aeronaves dos EUA e também cancelara a visita do Ministro da Defesa da Índia, Rajnath Singh, que deveria anunciar novas compras.
Segundo matéria da CNN que relatou a suspensão das compras de armas e o cancelamento da viagem do Ministro da Defesa indiano, “após a publicação desta notícia, o governo de Nerendra Modi divulgou um comunicado que descreveu as notícias de uma pausa nas negociações como “falsas e fabricadas”.
Recentemente Trump anunciou a imposição de tarifas de 25% em produtos indianos com a intenção de tentar forçar que a Índia pare de comprar petróleo da Rússia. Os impostos totais de alguns produtos fabricados na Índia podem chegar a 50%.
Uma postura hipócrita do presidente americano, já que os EUA também fazem comércio com os russos, comprando fertilizantes e metais preciosos deles.
O governo indiano respondeu à medida imperialista de Trump e chamou as sanções contra a Rússia de “injustas e irracionais” e ressaltou que o comércio com os russos é “uma necessidade imposta pelas condições do mercado global”.
Com isso, em meio à escalada no atrito entre potência mundiais, principalmente dos EUA contra o resto do mundo, os governos da China e Índia ensaiam uma reaproximação diplomática mesmo após um resfriamento das relações em 2020, quando aconteceram confrontos militares na fronteira entre os dois países.
Nesta sexta-feira(8), o governo Chinês saudou o anúncio da visita do premier indiano e comunicou que o evento seja “reunião de solidariedade, amizade e resultados frutíferos”.
“A China dá as boas-vindas ao primeiro-ministro Modi à China para a Cúpula de Tianjin da OCX,” disse Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.
“Acreditamos que, com o esforço conjunto de todas as partes, a cúpula de Tianjin será uma reunião de solidariedade, amizade e resultados frutíferos, e a OCX entrará em um novo estágio de desenvolvimento de alta qualidade, com maior solidariedade, coordenação, dinamismo e produtividade,” disse o porta-voz. “A Cúpula da OCX Tianjin será a maior cúpula em escala desde o estabelecimento da OCX.”
A presença de Modi no evento sinaliza uma tentativa de reatar laços diplomáticos e é esperado que aconteça uma reunião bilateral entre os dois países.
Líderes de mais de 20 países, incluindo membros da OCX, anunciaram que irão comparecer ao evento e chefes de 10 organizações internacionais.
Modi, primeiro irá viajar ao Japão no final do mês e depois irá visitar a cidade chinesa de Tianjin onde irá acontecer a cúpula da OCX. Ele já havia visitado a China em 2018 para a cúpula da OCX e em 2019 o presidente chinês, Xi Jinping retribuiu visitando a Índia.
O presidente russo, Vladmir Putin, também é esperado que compareça na cúpula desse ano.
A ‘Organização para Cooperação de Xangai’ ou OCX, é uma organização política, econômica, militar e cultural para cooperação entre países europeus e asiáticos. Criada em 2001 em Xangai pela China, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia, Tajiquistão e Uzbequistão. Índia e Paquistão aderiram ao bloco em 2017, o Irã em 2023 e a Bielorrússia em 2024, além de outros países envolvidos como observadores.