
Alta de 17% em relação ao mesmo período do ao passado
Os lucros líquidos dos três principais bancos privados do Brasil no segundo trimestre de 2025 totalizaram 21,2 bilhões. O Itaú obteve R$ 11,5 bilhões desse total, o Bradesco R$ 6,1 bilhões e o espanhol Santander somou R$ 3,7 bilhões.
O crescimento desses lucros em relação ao mesmo trimestre de 2024 foram de 14,3% para o Itaú, 28,6% no caso do Bradesco e 7,5% no caso do Santander. Somados os lucros dos três bancos houve um crescimento de 17,2% sobre o trimestre correspondente de 2024.
A rentabilidade, que relaciona os lucros obtidos com o patrimônio líquido do banco, foi de 23,3% para o Itaú, 14,6% para o Bradesco e 16,4% para o Santander.
São números espetaculares, que se repetem há anos, “faça chuva, faça sol”, até mesmo na pandemia da Covid, que primordialmente têm nas taxas de juros alucinadas praticadas pelas casas bancárias sua principal fonte de renda e consequentemente dos seus lucros.
A rentabilidade de 23,3% do Itaú no período, a mais expressiva do trimestre entre os três bancos, e que se repete no mesmo patamar, com frequência, em outros exercícios, dá uma dimensão dos resultados acima das melhores expectativas que se possa ter para um negócio. Um banco, uma empresa, gigante como o Itaú, com rentabilidade nesse patamar ao ano, dobraria de tamanho praticamente em apenas cinco anos. Uma verdadeira “galinha dos ovos de ouro”.
A base desse sucesso está menos com as ações administrativas ou outras, incluindo o fechamento de agências e demissões em massa, do que com a verdadeira proteção que o Banco Centra (BC) fornece ao sistema financeiro, que a despeito de controlar a inflação, mantém a Selic, taxa de juros básica da economia, nas alturas, mais precisamente nesta data em 15% ao ano. A maior desde 2006 e que desde setembro do ano passado aumentou em 42,86% (de 10,5% a.a. para 15% a.a. junho/25).
Ou uma taxa de juros reais em torno de 10% a.a., a segunda maior taxa real juros entre os países de todo o mundo, quando a partir do quarto lugar nesse ranking estas taxas abaixo de 5,29% a.a. e há alguns entre eles com taxas básicas, inclusive, negativas.
A Selic é referência para todo o sistema e da base para as taxas de juros cobrados pelos bancos nos empréstimos para pessoas físicas e para empresas. Os bancos têm garantido esse alto nível de juros (Selic) na rolagem da dívida pública e das operações compromissadas, então com a garantia desses ganhos, para emprestar para pessoas e empresas só recebendo juros maiores, na prática, muito maiores.
No mês de junho passado, por exemplo, os empréstimos para pessoas físicas, em média, mantiveram taxas de juros a níveis proibitivos de 58,3% ao ano e 24,3% a.a. para as empresas, com base no crédito com recursos livres. Créditos sem qualquer subsídio que correspondem ao maior nível de empréstimos negociados.
Essas médias, no entanto, ainda precisam ser relativizadas. Para pessoas jurídicas, algumas modalidades de crédito, apresentam percentuais muito acima. O crédito rotativo ficou em junho em 152% a.a. A conta garantida 61,6% e o cheque especial 344,9%.
Da mesma maneira, para pessoas físicas, o consignado para pessoas do setor privado, de baixo risco para os bancos, manteve-se ao nível de 56,3% a.a. e rotativo do cartão de crédito nos escandalosos juros de 441,4%.
É uma situação insustentável. Enquanto há trinta anos a economia não cresce além de 2,5% ao ano, os resultados do setor financeiro representam uma transferência brutal de recursos do setor produtivo e dos trabalhadores para seus cofres. Não tem como dar certo. Os resultados dos bancos tornaram-se um aleijão na economia nacional.
J.AMARO