
Ele e Janja receberam no Alvorada a equipe do filme “O Agente Secreto”. O presidente elogiou a obra e se emocionou ao falar sobre as mortes de crianças em Gaza. “A cultura não deixa a gente ser submisso”, destacou
O presidente Lula recebeu nesta quinta-feira (7) os integrantes do filme “O Agente Secreto” no Palácio da Alvorada. O filme brasileiro ganhou os prêmios de melhor direção e melhor ator na 78ª edição do Festival de Cannes.
Lula afirmou, após a sessão, que o brasileiro não é inferior a ninguém no mundo. “Não somos nada secundários no planeta Terra. Há muito tempo conquistamos o direito de não ser tratado como terceiro mundo”, disse o presidente.
“Quem ainda tiver vergonha do Brasil achando que o Brasil não está preparado, é bom lembrar que a gente ganhou um Oscar nos Estados Unidos, Cannes na França e Berlim na Alemanha e se tiver um prêmio em Paraty vamos ganhar; em Garanhuns, vamos ganhar”, acrescentou Lula, que, ante os ataques que Donald Trump ao Brasil, tem feito falas recorrentes em reforço à soberania nacional, criticando interferências estrangeiras e pedindo respeito ao país.
“A dignidade é uma questão moral. A dignidade a gente não compra em shopping, em supermercado. A dignidade a gente aprende de berço”, prosseguiu o anfitrião.
Lula também se emocionou ao lembrar da situação de crianças em Gaza e disse que a cultura é “temida” por dar consciência política à população. “Hoje, nessa alegria que estamos aqui, nós não sabemos quantas crianças morreram na Faixa de Gaza. Nós não temos informação de quantas crianças vão morrer indo na fila buscar alimentos. Porque agora nós chegamos à cretinice de dar comida e água para as crianças e matá-las antes deles pegar a comida”, disse, emocionado.
“O presidente destacou que “a cultura é temida porque cultura dá consciência política, informação, a cultura não deixa a gente ser submisso, faz a gente ser revolucionário. Não revolucionário de arma, mas revolucionário de comportamento, revolucionário de ideias”.
Dirigindo-se ao diretor do filme, Lula elogiou a obra. “Esse filme de vocês é uma lição de dignidade para que nós brasileiros aprendamos de uma única vez que a gente não é menor do que ninguém. A gente não é menos sabido do que ninguém, não é mais feio do que ninguém e ser tratado como ser humano porque nós gostamos de gente. Gostamos do povo e de almas humanas, por isso tratamos todo mundo com respeito. Acredito tanto em Deus que acho que vocês todos são obras de Deus ao povo brasileiro”, afirmou.
O ator Wagner Moura também elogiou a atenção que o governo Lula dá à cultura brasileira e destacou a recriação do ministério voltado para a área, que havia sido extinto no governo anterior. “Um filme é sempre importante em qualquer momento, a cultura é sempre importante e como é importante viver em um país que o presidente gosta de cultura e que respeita sua cultura”, apontou o protagonista do filme.
“Fiquei emocionado em Cannes, quando eu vi Margareth [Menezes, ministra da Cultura] lá e eu vi o Estado brasileiro se fazendo presente, apoiando um filme brasileiro, outros projetos brasileiros”, prosseguiu Moura.
“E eu só quero dizer isso, como é emocionante o presidente ligar para a gente para dizer ‘parabéns, esses artistas brasileiros representam o povo brasileiro’. É tão bonito pensar que hoje a gente vive num país que tem Ministério da Cultura e que os brasileiros se vem representados nos seus artistas e na sua arte”, destacou o ator.
“O agente secreto”, será o longa de abertura do 58º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O evento, que comemora 60 anos em 2025, acontece entre os dias 12 e 20 de setembro, na capital federal. “O Agente Secreto é um filme que fala sobre o Brasil e a lógica do nosso país. E a lógica do nosso país em relação ao poder e a história. Estou muito ansioso para que esse filme seja visto pelo povo brasileiro. Faz total sentido que estejamos exibindo esse filme pela primeira vez no Brasil na casa do presidente Lula”, afirmou o diretor Kleber Mendonça Filho.
Participaram da sessão os integrantes do elenco, ministros do governo e políticos foram recepcionados para um coquetel e uma seção exclusiva do longa-metragem no Cine Alvorada. Entre integrantes do primeiro escalão, estavam a ministra da Cultura, Margareth Menezes, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, das Comunicações, Frederico Siqueira Filho, de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, da Secom, Sidônio Palmeira, e da AGU, Jorge Messias. Também acompanham a exibição parlamentares pernambucanos como o senador Humberto Costa (PT-PB), senadora Tereza Leitão (PT-PB) e líder do PSB na Câmara, Pedro Campos (PSB-PB).