
No acumulado do ano, as retiradas superaram os depósitos em R$ 55,9 bilhões
Os saques à caderneta de poupança, após dois meses seguidos de depósitos, voltaram a ser mais altos do que as retiradas em julho, informou relatório divulgado pelo Banco Central na sexta-feira (8). A diferença entre o valor retirando da caderneta e o valor depositado foi de R$ 6,25 bilhões, decorrente de um total de R$ 363,57 bilhões de entrada e R$ 369,82 de saques.
No mês anterior, os depósitos foram maiores do que as retiradas em R$ 2,12 bilhões. Em julho do ano passado, os saques superaram os depósitos em R$ 908,6 milhões. No acumulado de 2025, os saques superaram os depósitos em R$ 55,9 bilhões.
Com a economia pressionada pela atual taxa básica de juros, de 15% ao ano, os saques à poupança acontecem pelo resgate de recursos das famílias com seus orçamentos apertados e pela transferência de recursos para aplicações que rendem tanto quanto a Selic.
A rentabilidade da caderneta de poupança, dada pela taxa referencial (TR) mais uma remuneração fixa de 0,5% ao mês, não pode ultrapassar 8,5%.
Por outro lado, as famílias estão com a renda corroída pela bandeira vermelha 2, medicamentos, planos de saúde, transportes, etc, elevando a inadimplência no mês de julho, conforme a Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Além de sintoma da política monetária restritiva, a retirada de recursos da poupança prejudica o estoque de recursos disponíveis para o financiamento da produção e venda de imóveis, encarecendo e dificultando o acesso a crédito e adiando o sonho da casa própria.
Segundo a CBIC, entidade da construção civil, “o setor enfrenta juros elevados e restrições de crédito. A taxa Selic foi mantida em 15% ao ano pelo Banco Central em julho, maior patamar desde 2006. De acordo com os dados divulgados pela Abecip, o financiamento à produção, com recursos da caderneta de poupança caiu 60,83% passando de 81.858 nos primeiros seis meses de 2024 para 32.065 unidades em iguais meses de 2025, enquanto o valor financiado para construção, nessa mesma base de comparação, recuou 54,17%”.