Multidões rechaçaram em Teerã e nas principais cidades do Irã a reimposição das drásticas sanções contra o país, enquanto o presidente Hassan Rouhani afirmava que o Irã seguirá vendendo seu petróleo e que o ditame de Washington para ‘zerar exportações’ fracassará. As manifestações, acompanhadas de brados de ‘Morte ao Satã EUA’, aconteceram nas comemorações de 39 anos do episódio da Revolução em que a embaixada dos EUA foi tomada pelos estudantes indignados com a proteção ao tirano deposto, Pahlevi, que a CIA colocou no poder em 1953.
Em transmissão ao vivo pela tevê, Rouhani afirmou que “os americanos queriam reduzir a zero as vendas de petróleo do Irã, mas continuaremos a vender nosso petróleo para quebrar as sanções”. Ele advertiu que, sob a ameaça de zerar as exportações de petróleo, o Irã está vivendo “uma situação de guerra”. “Estamos em uma situação de guerra econômica e enfrentando um inimigo intimidador. Temos de nos manter de pé para vencer”.
O comissário para assuntos econômicos da UE, Pierre Moscovici, pronunciou-se contra o reinício das sanções. “A União Europeia não aprova isso”, disse ele à rádio France Info. No momento, temendo provocar um disparo no preço do petróleo, Washington isentou temporariamente oito países, inclusive os maiores importadores de petróleo do Irã, China, Índia, Japão e Turquia, de zerar totalmente as compras.
Washington também está pressionando o sistema internacional ocidental de pagamentos, o chamado Swift, para excluir o Irã, mas os países signatários que rechaçam que o acordo seja rasgado estão criando mecanismos que permitam canais independentes de pagamento, para que as empresas que comercializem com Teerã não sejam submetidas também às sanções extraterritoriais norte-americanas.
Após Trump violar o acordo que Obama assinou com o Irã, mais Rússia, China, Grã Bretanha, França, Alemanha e União Europeia, e consagrado pelo Conselho de Segurança da ONU, de fim das sanções em troca do mais severo regime de inspeção já realizado pela Agência Internacional de Energia Atômica, que atesta seu cumprimento estrito por Teerã, o atual governo dos EUA ainda decidiu que todos os países devem se sujeitar às suas violações e que a principal exportação do Irã, de que o país depende para sobreviver, comprar máquinas, alimentos e remédios – o petróleo – tem que ser zerada.
Londres, Paris e Berlim condenaram a retirada unilateral de Trump do chamado acordo nuclear com o Irã e se comprometeram, junto com Moscou e Pequim, a manter o intercâmbio comercial com Teerã enquanto o acordo for respeitado.