
Ex-chanceler defendeu a saída do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA, em inglês) em junho
Celso Amorim, ex-chanceler e assessor especial do presidente Lula, afirmou que Israel está usando a Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA, em inglês) para pressionar países e atrapalhar a solução dos dois estados.
O Brasil anunciou sua retirada do IHRA em junho. Segundo Celso Amorim, a Aliança apresenta um conceito de antissemitismo “totalmente inaceitável”, pressionando autoridades a se silenciarem sobre o genocídio que Israel está realizando na Faixa de Gaza.
“Você não pode usar o Holocausto como justificativa para haver um genocídio na Palestina”, declarou Amorim no programa Roda Viva, da TV Cultura.
“O Brasil estava se sentindo manipulado. A gente sabe as pressões que existem”, contou.
“Qualquer coisa de defesa da Palestina já era tido como antissemitismo. Nós não podemos aceitar que haja essa mistura. Não podemos permitir essa manipulação e que isso sirva para dificultar o que nós achamos que é a solução, que é o reconhecimento da Palestina, com dois estados com fronteira segura”, continuou.
A solução de dois estados “é a única solução, não é questão de pensar se vai acontecer a curto ou longo prazo”.
“Certas coisas a gente tem que apoiar e elas vão ocorrer. Se elas vão ocorrer em pouco tempo ou mais tempo, eu não sei. Acho que estamos chegando em um limite”, falou.
“O próprio povo de Israel, até parte das forças armadas de Israel, está percebendo que tá indo longe demais”, acrescentou Amorim, se referindo aos crimes contra a população civil na Faixa de Gaza.
O governo do primeiro-ministro Benjamim Netanyahu “está fazendo mais mal a Israel do que qualquer outra entidade”, avalia Amorim.
Celso Amorim reforçou que o governo brasileiro não nega o Holocausto, “pelo contrário”. “Eu vi o presidente Lula chamando a atenção do presidente do Irã: ‘você não pode negar um fato histórico’”.