GABRIEL ALVES*
A chance de viajar para a Síria foi uma coisa que me empolgou desde o começo.
Conhecer uma nova cultura, conversar com as pessoas e entender mais sobre o que acontece por aqui. Só que eu precisei chegar até Damasco pra descobrir que ela é a cidade, atualmente povoada, mais antiga mundo, e isso me convenceu de vez que eu deveria escrever algo sobre a viagem. Muito mais do que explicar as coisas ou tentar analisar com detalhes o conflito na Síria, a ideia foi escrever sobre o que eu vi neste país tão diferente do nosso.
Acho que vai ser difícil conseguir expressar algumas coisas aqui, porque conseguir explicar em palavras as emoções de conhecer um país tão rico em cultura, e que vem sofrendo há 7 anos com uma agressão cometida pelo imperialismo, vai muito além da minha capacidade de escrever sobre as coisas. Principalmente porque umas das faces mais cruéis da agressão é uma violenta campanha de mentiras e desinformação.
O cenário que eu imaginava encontrar era completamente diferente da realidade. Para chegar em Damasco é necessário ir até o Líbano e cruzar a fronteira de carro. É uma viagem rápida, um pouco mais de duas horas, e é um caminho montanhoso e bem bonito. E a parte síria da estrada é muito boa, bem melhor do que a libanesa, mesmo com os vários anos de guerra e bloqueio que o país vive.
Acho que a entrada em Damasco foi o momento em que vi o quanto era ignorante em relação ao que era a cidade e o país. Damasco é uma cidade que funciona plenamente, com gente andando na rua sem medo e sem nenhum sinal de guerra. É uma cidade grande, com muitos prédios, universidades e muita gente indo daqui para lá sem nenhum receio ou repressão pela parte do governo ou por conta da guerra.
A agressão que a Síria sofreu nos últimos anos não foi pequena. O país foi atacado por terroristas mercenários de mais de 80 nacionalidades, foi submetida a vários bombardeios e ataques de importantes potências militares (como EUA, França, Inglaterra), além de Israel e ainda teve que resistir a um criminoso bloqueio econômico realizado pelos mesmos países que a atacaram. Ou seja, não somente atacaram o país como ainda tentaram sufocar os sírios para impedir a reconstrução do país e também detonar com a condição de vida das pessoas. Fizeram isso para derrubar o governo sírio e obrigar a população a ser governada por algum fantoche. É exatamente pelo tamanho da agressão que foi cometida contra a Síria que é absolutamente impressionante a resistência do povo e que Damasco e a maioria da Síria hoje estejam de pé e vivendo bem.
É claro que essa agressão teve um custo grande para os sírios. Damasco foi atingida várias vezes por bombardeios e até com o uso de armamentos proibidos como o fósforo branco, por exemplo. Morreram pessoas nesses ataque e o o bloqueio econômico deixou vitimas, mas o povo e seus lideres não vacilaram e acreditaram que era possível ganhar essa parada. São heróis.
Nos arredores de Damasco existe um lindo monumento homenageando o Soldado Desconhecido e aqueles que tombaram na guerra. Dentro desse monumento existem cinco pinturas que lembram dos mortos em cinco diferentes batalhas: contra o Império Bizantino, contra as tropas das cruzadas, contra os franceses e duas guerras contra Israel. A Síria é um país milenar, berço da civilização, e que para se estabelecer teve que resistir e vencer vários impérios. Não foi a primeira vez em que eles tiveram que lutar contra a injustiça e um poder de fogo superior e não será a primeira vitória contrariando as previsões. Infelizmente, é normal na história da humanidade os impérios acharem que podem através da força submeter os povos e roubar suas riquezas, mas ainda bem que em vários momentos a luta dos povos foi capaz de resistir e derrotar a injustiça. É um desses momentos heróicos que estamos vendo hoje.
* Coordenador Nacional da Juventude Pátria Livre
Experiência necessária para a luta por aqui também. Belas palavras!
Vamos meu irmao! Viva a Síria e sua resistência! ✊????
Muito bom Gabriel, precisamos quebrar a barreira da mentira, é nela que se criam os tiranos.