
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou, na quinta-feira (14), que não há entre os deputados “um ambiente para anistia ampla, geral e irrestrita”, como querem os bolsonaristas para livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros réus no Supremo Tribunal Federal (STF) da punição.
“Eu não vejo dentro da Casa um ambiente para, por exemplo, anistiar quem planejou matar pessoas, não acho que tenha esse ambiente dentro da Casa”, falou, sem citar nomes.
Na denúncia oferecida ao STF, a Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que Jair Bolsonaro sabia e deu autorização para que seus aliados organizassem os assassinatos de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.
Motta falou que o máximo que pode ocorrer é “um projeto alternativo” que beneficie pessoas “sem centralidade” no golpe com uma revisão de penas “que não seja uma anistia”.
Esses criminosos condenados, em casos de altas penas, poderiam “receber uma progressão e ir para um regime mais suave, como o semiaberto”, continuou, em entrevista à GloboNews.
Os parlamentares bolsonaristas acusam Hugo Motta de ter descumprido o acordo que os levou a desocupar a mesa diretora da Câmara ao não ter pautado o projeto de lei da anistia. Motta falou que não participou deste acordo e que foi decisão sua não pautar.
O presidente da Câmara classificou a movimentação bolsonarista pela anistia como “chantagem” e afirmou que os acontecimentos do 8 de janeiro de 2023 foram muito graves. “Da mesma forma que tivemos a condição política de não ceder à chantagem dessa pauta, não podemos ter preconceito com pautas. As pautas devem continuar a ser trazidas, e o Colégio de Líderes decide se têm maioria para serem levadas ao Plenário ou não”, observou.
“Ninguém quer fazer nada na calada da noite, de forma atropelada, porque o que aconteceu em 8 de janeiro foi muito grave e muito triste para a nossa democracia”, disse o chefe da Câmara.
Hugo Motta reforçou que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), quando se mudou para os Estados Unidos para trabalhar por sanções contra o Brasil, “sabia que era incompatível com o exercício parlamentar”.
Eduardo está somando faltas na Câmara e pode perder seu mandato, mas Motta falou que o deputado “não pode ser prejudicado dentro de suas prerrogativas”.
O presidente da Câmara enfatizou que discorda das ações de Eduardo Bolsonaro nos EUA. Eduardo poderia defender a inocência de Bolsonaro e ser “contra o julgamento do Supremo”, mas “quando parte para uma ação contra o país, que prejudica a nossa economia, eu não acho razoável. Essa atitude é uma que temos total discordância”.
Segundo Hugo Motta, a sabotagem de Eduardo Bolsonaro, que fala até de “queimar a floresta toda” para salvar Jair Bolsonaro, não tem apoio sequer de todos os deputados do PL.
Motta chamou essas atitudes, “que trazem prejuízos consideráveis para pessoas, empresas e para a economia do país”, de “indefensáveis” e disse que “não podemos colocar o interesse pessoal acima do interesse do país”.
Com informações da Câmara dos Deputados