
Debate no Rio Grande do Sul reuniu a militância e amigos do partido. Comunistas defenderam a retomada dos símbolos nacionais, o enraizamento do partido e a realização das mudanças estruturais na economia do país
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) promoveu nesta segunda-feira (18), em Porto Alegre, o quarto debate do ciclo preparatório ao 16º Congresso Nacional, intitulado “Mudanças Estruturais para o Brasil do Século XXI”. A atividade reuniu lideranças, militantes e aliados progressistas do Rio Grande do Sul para discutir os rumos do Brasil frente à crise do imperialismo, às ameaças da extrema direita e à necessidade de fortalecer o partido.

O ciclo de debates visa aprofundar o Projeto de Resolução Política do congresso, dividido em três eixos: conjuntura internacional, desafios nacionais e fortalecimento partidário. Raul Carrion, coordenador e apresentador, abriu o evento destacando a necessidade de unidade para as eleições de 2026, além de reformas estruturais contra o imperialismo e o capital financeiro, que consome quase 50% do orçamento nacional em juros. “A tarefa é dar uma nova vitória ao povo brasileiro em 2026, para não permitirmos a volta do retrocesso”, afirmou.

Assis Melo, vice-presidente estadual do PCdoB-RS e ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul, defendeu a retomada dos símbolos nacionais capturados pelos fascistas e a construção de um movimento amplo no Rio Grande do Sul e no Brasil. “É hora de tirar a bandeira do Brasil da mão dos fascistas e defender a soberania nacional”, declarou, chamando por uma frente progressista para garantir a vitória em 2026.
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Tarso Genro, ex-governador do RS e ex-ministro, analisou a decadência do imperialismo americano, comparando ações de Trump a métodos ditatoriais, e propôs uma frente eleitoral ampla para enfrentar golpes como o de 8 de janeiro. “O Trump está fazendo na decadência do império americano o que um ditador faria para salvar seu país”, disse.

José Fortunati, ex-prefeito de Porto Alegre, elogiou os debates do PCdoB e defendeu uma frente ampla unindo esquerda, democratas e patriotas, criticando o Congresso fisiológico que limita o governo Lula. “Precisamos de uma frente ampla que una esquerda, democratas e patriotas para 2026”, propôs, sugerindo diálogo com eleitores de Bolsonaro sem preconceitos.

Nádia Campeão, secretária nacional de organização do PCdoB, destacou o papel estratégico do partido, criticou o rebaixamento do PCdoB e desvalorização dos partidos populares por fatores que decorrem da luta de classes e por fenômenos como o individualismo exacerbado nas redes sociais.

“O partido deve atuar nas três frentes: institucional, social e ideológica, sem rebaixar seu papel estratégico”, afirmou, incentivando o estudo do documento do congresso.
Ela defendeu um equilíbrio entre a atuação institucional, a luta social nas ruas e a disputa de ideias, destacando a formação política como ferramenta essencial para preparar quadros e engajar a militância. “Precisamos formar militantes que compreendam o papel histórico do partido e saibam dialogar com as massas”, afirmou.

Ricardo Abreu (Alemão), diretor de temas internacionais da Fundação Maurício Grabois, analisou o neofascismo e a multipolaridade, destacando o socialismo chinês. “A integração latino-americana é o futuro para enfrentar o imperialismo”, defendeu, apontando a força dos partidos comunistas na China, Cuba e Vietnã. Ele também frisou a importância de um partido enraizado nas lutas populares, capaz de dialogar com as novas gerações e resistir às investidas do capital transnacional.

O ex-deputado e ex-presidente do Sintaema-SP, Nivaldo Santana, analisou a precarização do trabalho e propôs fortalecer sindicatos e regulamentar o trabalho informal. “A resposta do capital é reduzir o custo do trabalho; nós devemos organizar a classe trabalhadora”, disse, defendendo bandeiras como o plebiscito popular.

“O capital responde à crise reduzindo o custo do trabalho e desmantelando direitos. Nossa tarefa é organizar a classe trabalhadora, unindo-a em torno de um projeto que combine luta sindical, formação política e mobilização de massa”, disse.
Carlos Lopes, vice-presidente nacional do PCdoB e chefe de redação do HP, relacionou a luta socialista à questão nacional. “Você não chega ao socialismo no Brasil sem um projeto nacional de desenvolvimento”, destacou, criticando a dependência imperialista.

“O império americano está em profunda decadência no momento e a reação dele a essa decadência é a agressividade em relação aos países da periferia. O imperialismo é um sistema, que tem uma metrópole, aliás, tem várias metrópoles, mas no caso, depois da segunda guerra, passou a ter apenas uma metrópole, que é os EUA. E uma porção de países que são países dependentes, que é a periferia do imperialismo. O que o Trump está fazendo no essencial é tentando neste momento de decadência é ir pra cima da periferia”, avaliou Carlos Lopes.
“O que o Trump está fazendo no essencial é tentando neste momento de decadência é ir pra cima da periferia, Isso é um sinal fundamentalmente, concordo com o Alemão, que é um problema do neofascismo, agora vejam, o fascismo é sempre uma resposta à decadência do capitalismo”, destacou.
“O Hitler não era um sinal de força do capitalismo. Era um sinal de fraqueza. Era fundamentalmente um sinal do avanço da URSS naquele momento, o avanço do socialismo naquele momento que fez com que, na Itália e na Alemanha, se recorresse ao fascismo”, destacou Carlos Lopes .