
Previsão para PIB Industrial para 1,7%
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisou para baixo a projeção de crescimento do PIB da indústria, de 2% para 1,7%, segundo o relatório “Informe Conjuntural do 2º trimestre”, divulgado na terça-feira (19).
A CNI mantém a projeção de alta do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano em 2,3%, mas destaca que até o final do ano as taxas de juros elevadíssimas vão continuar “penalizando a Indústria de transformação, seja encarecendo o investimento, seja reduzindo a demanda por bens industriais”.
“Quando abrimos os números, identificamos um problema: os setores mais próximos do ciclo econômico, como a indústria e os serviços, têm apresentado um dinamismo cada vez menor. Nesse cenário, a projeção para o PIB não mudou porque a safra agrícola foi maior do que imaginávamos e o mercado de trabalho continua bastante aquecido, mas a composição do crescimento não é tão positiva”, avalia o diretor de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles.
“Os juros elevados, por meio da elevação do custo do crédito e do enfraquecimento das expectativas de crescimento para a economia, seguirão promovendo uma perda de ritmo da Indústria de transformação, bem como do mercado consumidor”, afirma a entidade, que cita, além dos juros, o aumento das importações e o tarifaço de 50% imposto por Donald Trump sobre os produtos brasileiros entre as causas da perda de ritmo do setor.
A expectativa da CNI é de que o Banco Central (BC) mantenha a Selic (taxa básica de juros) em 15% ao ano até o final de 2025.
Conforme manifestou a autoridade monetária, os juros ficarão elevados por um “período bastante prolongado”. Nesse cenário, a taxa de juros real, que encerrou 2024 em 7,0% a.a., deve encerrar 2025 em torno de 10,0% a.a.
“A taxa de juros real em patamar elevado age – fortemente – no sentido contrário, prejudicando o investimento”, crítica a CNI, que projeta alta de 3,2% para o investimento em 2025, o que seria uma perda de ritmo relevante frente a 2024, quando a alta foi de 7,3% em comparação com o ano anterior.
Pela projeção da CNI, para este ano, o crescimento real das concessões totais de crédito será de 5,8% – sendo abaixo do crescimento verificado em 2024 (de 10,6%).
A entidade destaca no documento que no primeiro trimestre de 2025, a Indústria de transformação, ao registrar um recuo de 1,0%, deu sequência a sua trajetória de perda de ritmo de crescimento, que já vinha sofrendo com os efeitos negativos dos juros altos desde a segunda metade de 2024. Já a Construção, que registrou crescimento robusto em 2024, de 4,3%, abriu 2025 com recuo de 0,8% no primeiro trimestre.