
Agricultores norte-americanos reclamam das perdas bilionárias
Os produtores de soja nos Estados Unidos em carta enviada pela ASA (American Soybean Association), principal entidade do setor, na terça-feira (19), ao presidente dos EUA, Donald Trump, pediram prioridade nas negociações com a China. Eles afirmam que a soja brasileira está substituindo o grão estadunidense nas encomendas chinesas.
“Quanto mais avançarmos no outono sem chegar a um acordo com a China sobre a soja, piores serão os impactos para os produtores de soja dos EUA”, afirma o presidente da entidade, Caleb Ragland. O setor está “à beira de um precipício comercial e financeiro”, diz na carta.
O motivo foi a taxação de 20% às importações de soja estadunidense, em reciprocidade às elevadas taxações impostas por Trump contra as exportações chinesas para aquele país. O resultado prático foi que o produto norte-americano perdeu competitividade e abriu possiblidades de exportação para outros países, especialmente o Brasil.
Em julho, as importações de soja do Brasil pela China aumentaram 13,9% em relação ao mesmo mês do ano anterior, enquanto as compras dos Estados Unidos caíram 11,5%, conforme dados alfandegários do país asiático na quarta-feira (20)
A China é o maior comprador da oleaginosa do mundo e está se voltando para o produto brasileiro. O país importou 10,39 milhões de toneladas do produto do Brasil no mês passado, ou 89% do total das suas importações, em comparação com 9,12 milhões de toneladas no ano anterior, conforme dados da Administração Geral de Alfândega.
O documento da ASA diz que “historicamente, os Estados Unidos eram o fornecedor de preferência dos clientes chineses. No entanto, devido à retaliação tarifária em curso, nossos clientes de longa data na China têm recorrido – e continuarão recorrendo – aos nossos concorrentes na América do Sul para atender sua demanda, uma demanda que o Brasil consegue suprir graças ao aumento significativo da produção desde a guerra comercial anterior com a China”.
Segundo a entidade, “a China não adquiriu nenhuma soja dos EUA para os próximos meses, enquanto nos aproximamos rapidamente da colheita”. A soja brasileira atende normalmente a China no primeiro semestre e a dos EUA, no segundo.
“Infelizmente para nossos produtores, a China contratou com o Brasil para atender às necessidades dos próximos meses, a fim de evitar a compra de qualquer soja dos Estados Unidos”, afirma ainda a carta da ASA.