
Uma multidão vaiou sem a menor dó a comitiva de esbirros de Trump, a ponto de deixar Miller possesso e reclamando dos “hippies brancos de 90 anos” e dos “comunistas”
O vice-presidente JD Vance, o chefe do Pentágono Pete Hegseth e o vice-chefe de gabinete da Casa Branca, Stephen Miller, foram agraciados com uma tremenda vaia nesta quarta-feira (20) na Union Station de Washington, após encenarem uma ida até a concentração da Guarda Nacional na estação, onde distribuíram hamburgers, em um esforço para disfarçar o desgaste da intervenção federal na capital, depois de um fim de semana com manifestações de “free DC” e divulgação de uma pesquisa com 79% contra a intervenção.
A encenação incluiu uma foto do trio diante da Shake Sack, enquanto Vance fazia pose e dizia: “trouxemos um pouco de lei e ordem de volta” e cartazes em solidariedade ao povo palestino.
Uma multidão vaiou sem a menor dó a comitiva de esbirros de Trump, a ponto de deixar Miller possesso e reclamando dos “hippies brancos de 90 anos” e dos “comunistas”.
De acordo com a Associated Press, ao ouvir a vaia que ecoava pela estação, Vance disse que a multidão “parece odiar a ideia de que os americanos podem desfrutar de suas comunidades”.
“Todos esses manifestantes que vocês viram aqui nos últimos dias, todos esses hippies brancos idosos, eles não fazem parte da cidade e nunca fizeram. E, a propósito, a maioria dos cidadãos que moram em Washington, D.C., são negros”, disse Miller, notório fascista e racista.
A intervenção começou na semana passada, sob a alegação de Trump de que era preciso “controlar o crime” em Washington, apesar de a capital do país ostentar o mínimo de crimes violentos em 30 anos, e mais baixo do que muitas cidades governadas pelos republicanos.
Por ordem executiva, Trump ordenou a mobilização de centenas de tropas da Guarda Nacional e assumiu o controle federal do Departamento de Polícia Metropolitana.
Pesquisa do Washington Post-Schar School com 604 moradores da capital, publicada na quarta-feira, revelou que 65% não acreditam que as ações de Trump tornarão a cidade mais segura. 79% dos moradores disseram se opor ao decreto de Trump para federalizar o departamento de polícia da cidade.
Aaron Reichlin-Melnick, membro sênior do Conselho Americano de Imigração, compartilhou uma foto no Bluesky de um evento que ocorreu na cidade na terça-feira, em que pessoas de diferentes idades e cores podem ser vistas protestando contra a presença da Guarda Nacional em sua cidade.
“Não vejo um ‘hippie branco idoso’ lá”, comentou. “Eu vejo uma grande variedade de idades, gêneros e raças; Os residentes de DC se uniram em desgosto com o que Miller está torcendo.”
O historiador de Princeton, Kevin Kruse, também criticou Miller por não perceber a diversidade das multidões que protestavam contra a iniciativa de Trump em DC.
“Stephen Miller é aparentemente tão racista que não consegue nem ver pessoas não brancas nas ruas de DC protestando contra seus capangas”, comentou ele no Bluesky. “Espere, é *isso* o que eles queriam dizer com ‘conservadorismo daltônico?'”
No sábado, manifestantes foram às ruas contra a intervenção de Trump em Washington. Conforme relatado pela NBC Washington, os manifestantes se reuniram no sábado no DuPont Circle e depois marcharam até a Casa Branca.
Organizadores do protesto disseram à emissora que, enquanto houver a intervenção, os protestos serão realizados semanalmente.
Horas após a marcha para a Casa Branca, outros manifestantes começaram a se reunir na Union Station para protestar contra a presença das unidades da Guarda Nacional lá. O áudio obtido pelo jornalista freelance Andrew Leyden revela que a Guarda Nacional decidiu retirar suas forças da área em reação ao que os despachantes chamaram de “manifestações crescentes”.
De acordo com o The Washington Post, moradores que passaram uma noite na cidade no bairro da U Street na noite de sexta-feira externaram sua insatisfação com a intervenção.
“Ao ver as autoridades locais e federais durante a noite, as pessoas se aglomeraram na calçada – assistindo, filmando, vaiando”, escreveu o Post. “Essas interações aconteceram repetidamente à medida que a noite avançava. Os espectadores importunaram a polícia enquanto faziam seu trabalho e aplaudiram quando os policiais foram embora.”
Também fez sucesso nas redes sociais vídeo de multidão no bairro de Columbia Heights zombando da força policial de Trump.