
“Estamos concluindo todo o programa de crédito emergencial para socorro às empresas afetadas pelo tarifaço”, declarou o presidente do banco de fomento
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, declarou, nesta quinta-feira (21), que o banco de fomento vai “entrar muito forte” no apoio às empresas afetadas pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Estamos concluindo todo o programa de crédito emergencial para socorro às empresas afetadas pelo tarifaço. Precisamos ainda da definição do CMN [Conselho Monetário Nacional] sobre alguns detalhes, especialmente as taxas, mas acho que está alinhado”, disse Mercadante, ao destacar que o financiamento contra esse ataque da Casa Branca às exportações brasileiras vai significar um aumento “muito expressivo” de recursos.
“Somos o banco que vai coordenar essa ação até que a gente consiga ter uma mesa de negociação comercial capaz de reverter as tarifas, como já aconteceu parcialmente”, completou. “Em breve nós vamos entrar muito forte no apoio às empresas”.
O BNDES integra o Plano Brasil Soberano, anunciado pelo presidente Lula, que prevê R$ 30 bilhões em crédito para fazer frente ao tarifaço de 50% contra os produtos brasileiros.
“Estamos já com o processo bem maduro para ser anunciado. Faltam pequenos detalhes”, disse Mercadante, ressaltando que além da ajuda às empresas, o objetivo é manter o nível de emprego.
“Assim que o presidente Lula bater o martelo de como será, o BNDES está pronto para acelerar e fazer da forma mais rápida, mais eficiente, a exemplo que nós já fizemos no Rio Grande do Sul. Eu quero lembrar que no Rio Grande do Sul, no crédito direto do BNDES, nós aumentamos seis vezes a velocidade de aprovação”, ressaltou.
DESEMBOLSOS DO BNDES
Nesta quinta-feira, o BNDES divulgou o resultado do primeiro semestre deste ano. Os desembolsos do banco somaram R$ 54,6 bilhões. O resultado corresponde a uma alta de 11% em relação ao mesmo período de 2024 e de 63% sobre 2022.
“Temos neste momento 1,8% do PIB em aprovação, 1,1% em desembolso”, comentou o presidente do BNDES Aloizio Mercadante, durante o evento de divulgação dos resultados do banco, realizado na sede do BNDES, no Rio de Janeiro.
“São quatro anos para a aprovação virar o desembolso. Então a tendência é que o desembolso chegue a 1,8% em quatro anos. Mas como estão crescendo as consultas e as aprovações, provavelmente nós vamos chegar acima disso em 2028”, completou.
Por setores, a maior parte dos empréstimos liberados foram: Agropecuária (R$ 13.943 bilhões), Infraestrutura (R$ 18.001 bilhões), Indústria (R$ 12.367 bilhões) e Comércio e serviços (R$ 10.296 bilhões). No caso da indústria, a maior parte dos desembolsos foram para material de transportes (27% do total), seguida por Química e Petroquímica (25,5%), e Alimentos e bebidas (16%).
No semestre, as consultas aumentaram 7% em relação ao primeiro semestre de 2024, totalizando R$ 133,2 bilhões. Infraestrutura (R$ 40,3 bi) e Indústria (R$ 39,6 bi) lideram neste quesito.
Já os maiores crescimentos em aprovações de crédito foram para a Indústria (R$ 18,1 bilhões, alta de 24% frente a 2024) e Agropecuária (R$ 17 bilhões, avanço de 20% ante a 2024. Por sua vez, o crédito aprovado para o setor de comércio e serviços atingiu R$ 13,5 bilhões (alta de 18%) e a infraestrutura somou R$ 24,2 bilhões (queda de 8% sobre 2024).
No primeiro semestre deste ano, o BNDES obteve um lucro líquido de R$13,3 bilhões, valor considerado estável quando comparado ao mesmo período de 2024. Já o lucro recorrente foi de R$ 7,3 bilhões, aumento de 2% em relação ao ano passado.
O diretor financeiro e de mercado de capitais do BNDES, Alexandre Abreu, explica que os efeitos não recorrentes sobre o lucro líquido incluem principalmente receitas de dividendos e juros sobre o capital próprio de R$ 3,4 bilhões oriundos de Petrobras e JBS. “É o segundo banco mais lucrativo do Brasil”, comentou Abreu.
O BNDES diz, ainda, que injetou R$ 129,6 bilhões de crédito na economia no primeiro semestre de 2025, sendo um aumento de 56% em comparação ao mesmo período de 2024. Deste valor, R$ 72,8 bilhões são em crédito e R$ 56,8 bilhões em garantias.