Agora, após a reação, ele diz que a transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém não “foi tomada ainda”
Mesmo sem assumir ainda o governo, Bolsonaro já está prejudicando os interesses brasileiros, com a sua política de imitar Donald Trump, presidente dos EUA, ao declarar a um jornal de Israel que irá transferir a embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém. Ver aqui.
O Egito adiou, sem previsão de nova data, a visita oficial do Brasil que o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, faria ao país entre os dias 8 e 11 próximos.
Vinte empresários brasileiros que já se encontram no Egito e vão precisar retornar ao Brasil sem que sejam realizadas as rodadas de negócios. Haveria um encontro entre representantes do setor privado dos dois países no período.
O ministro Aloysio Nunes ia se encontrar com o seu colega egípcio Sameh Shoukry e o presidente Abdel Fattah el-Sisi.
Oficialmente o governo egípcio alegou que o adiamento foi devido a compromissos inadiáveis das altas autoridades do país, mas sabe-se nos bastidores que a causa foi a declaração de Bolsonaro alinhando-se a Israel e macaqueando Trump, abandonando décadas de política externa de equilíbrio em relação aos países árabes, quinto destino das exportações brasileiras.
Os países árabes, que apoiam a Palestina, criticaram a posição de Bolsonaro.
O presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Rubens Hannun, declarou que os árabes poderiam buscar outros países fornecedores para substituir os produtos vendidos pelo Brasil, como carne e açúcar, em resposta à decisão de Bolsonaro de mudar a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém.
Os egípcios pretendiam aumentar suas importações de produtos brasileiros. O Egito é um dos poucos países com os quais o Mercosul tem um acordo comercial já em operação.
O estrago das posições de Bolsonaro já começou. Exportadores brasileiros temem que o dano se amplie e os árabes corram para outros países, abandonando os produtos brasileiros.
A política de Bolsonaro começa a isolar o Brasil dos parceiros comerciais de décadas. Apenas a Guatemala decidiu seguir Trump e instalar a embaixada em Jerusalém. E ao que se sabe, a Guatemala não tem nada a comemorar com essa decisão.
A decisão de Donald Trump – de transferir a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém, imitada por Bolsonaro – viola resoluções da ONU, segundo as quais o destino da cidade sagrada deve ser decidido em negociações entre Israel e palestinos.
Com a reação às suas declarações no mundo árabe, Bolsonaro agora disse, nesta terça-feira (6), que a transferência da embaixada brasileira para Jerusalém não é “uma coisa decidida ainda”. “O que eu estou falando é o seguinte: para nós não é um ponto de honra essa decisão”, recuou.
Transferir embaixada para Jerusalém trará prejuízos ao Brasil, afirma Câmara Árabe