
Integrantes das igrejas Ortodoxa Grega e Católica da Cidade de Gaza decidiram que não se submeterão à política genocida dos israelenses e permanecerão sendo “refúgio” para os que mais necessitam
O Patriarcado Ortodoxo Grego e o Patriarcado Latino de Jerusalém emitiram um comunicado conjunto em que expressam sua decisão de ficar ao lado da população palestina em Gaza, submetida a uma política genocida com a invasão das tropas israelenses.
Conformem esclarecem os religiosos, o complexo ortodoxo grego de São Porfírio e o complexo da Igreja da Sagrada Família “têm sido um refúgio para centenas de civis”, incluindo idosos, mulheres, crianças e pessoas com deficiência, desde 7 outubro de 2023, quando a barbárie sionista teve início.
“SENTENÇA DE MORTE”
“Entre aqueles que buscaram abrigo dentro dos muros dos complexos, muitos estão debilitados e desnutridos devido às dificuldades dos últimos meses. Deixar a Cidade de Gaza e tentar fugir para o sul seria nada menos que uma sentença de morte”, alerta o comunicado. Por esta razão, apontam, “o clero e as freiras decidiram permanecer e continuar a cuidar de todos aqueles que estarão nos complexos”.
“Assim como outros moradores da Cidade de Gaza, os refugiados que vivem nas instalações terão que decidir de acordo com sua consciência o que farão”, acrescentam.
Muitos dos que buscaram abrigo dentro dos muros dos complexos se encontram completamente debilitados e desnutridos devido às barreiras impostas por Israel, agravadas nos últimos meses com o despejo de bombas e mísseis sobre hospitais e acampamentos de refugiados. Para piorar a situação, são dezenas de milhares de caminhões com alimentos e medicamentos barrados na fronteira com o Egito, enquanto a fome se alastra e cirurgias precisam ser feitas até mesmo sem anestesia.
“Não sabemos exatamente o que acontecerá em campo, não apenas para a nossa comunidade, mas para toda a população. Só podemos repetir o que já dissemos: não pode haver futuro baseado em cativeiro, deslocamento de palestinos ou vingança”, enfatizam os religiosos.
Em um pronunciamento contundente, os religiosos asseguram que “este não é o caminho certo”, pedindo tanto o fim da “guerra sem sentido e destrutiva” quanto o retorno dos reféns sequestrados em Gaza. “Agora é hora de curar as famílias que sofrem há tanto tempo em todos os lados”, concluem.
Em julho, três pessoas foram mortas e várias ficaram feridas em um ataque das tropas israelenses ao complexo da Igreja da Sagrada Família. Posteriormente, os chefes militares afirmaram que a culpa foi de uma munição disparada incorretamente.
Após o ataque, que provocou indignação internacional generalizada, o Patriarca Latino de Jerusalém, Cardeal Pierbattista Pizzaballa, e o Patriarca Ortodoxo Teófilo III entraram na Faixa de Gaza para ter a dimensão dos danos e se reunir com membros da minoria cristã do enclave.
De acordo com a instituição de caridade católica Caritas Jerusalém, as vítimas incluíam o zelador da paróquia, Saad Salameh, de 60 anos; uma mulher de 84 anos, Fumayya Ayyad, que recebia apoio psicossocial dentro de uma tenda da Caritas no complexo da igreja; e Najwa Abu Daoud, de 69 anos, que estava sentada nas proximidades. Entre os feridos estava o Padre Gabriel Romanelli, pároco da comunidade católica na cidade.
O Papa Leão XIV e o Patriarcado Latino de Jerusalém repudiaram o ataque ao local sagrado. Cinicamente, Israel descreveu o ataque como fogo perdido, enquanto o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu o classificou como um “erro”, que tem se repetido diariamente.