
Governador se lançou pré-candidato à Presidência da República, dia 16 de agosto, em São Paulo, com discurso recheado de fascismo
O governador Romeu Zema (Novo) afirmou que, se for eleito presidente da República em 2026, pretende conceder indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), caso ele seja condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Ou seja, já admite que Bolsonaro é criminoso, que vai ser condenado e preso.
Esse discurso é para carrear apoio dos bolsonaristas. Mas não é assim que o pré-candidato do Novo é visto pelos filhos do ex-presidente, que chama os governadores de direita, que almejam entrar na corrida ao Planalto — Zema, Ronaldo Caiado (União-GO), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ratinho Jr. (PSD-PR) e Eduardo Leite (PSD-RS).
Os governadores de direita foram chamados pelo vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) de “ratos” e “oportunistas”. Leia matéria completa em “Governador diz que Carlos Bolsonaro “falou pela boca o que deveria sair por outro lugar”. Leia aqui Governador diz que Carlos Bolsonaro “falou pela boca o que deveria sair por outro lugar”
“Apoiaria sim [uma anistia para Bolsonaro]. Eu quero é um Brasil pacificado e não um pai e mãe brigando e os filhos desassistidos, sem comida, sem tomar banho direito. Precisamos pacificar o Brasil. Já demos anistia no passado para assassinos, para sequestradores. Não vamos dar anistia neste caso?”, disse o governador. Por sinal, uma boa comparação com “assassinos” e “sequestradores”.
TESE TRESLOUCADA
“No campo jurídico tem uma área cinza entre você ter a intenção de fazer algo e você realmente concretizar esse algo”, avaliou Zema para minimizar o crime de Bolsonaro. “Você idealizar alguma coisa talvez esteja muito longe de tentar. Não chegou sequer a haver [um golpe]”, disse. Então tinha que ter um golpe, não é?
“Sou um democrata, defendo a democracia, fui eleito pelo voto, confio em nosso sistema”, disse o lobo vestido de cordeiro. “Mas acho que está havendo um grande exagero nesta questão. Temos um Judiciário que persegue quem é do espectro da direita”, afirmou. Seria porque é a direita que quer um golpe e suas teses são incompatíveis com a democracia?
O governador afirmou que deve caber ao Congresso Nacional avaliar a questão da anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. “Nós temos de equacionar a questão do Congresso decidir. Lembrando que o Congresso representa o povo e o Supremo tomar outra direção. Ou então vamos optar por fechar o Congresso e deixar o STF legislar. Me parece que estamos rumando nesta direção”, disse.
Por que será que todo criminoso ou defensor de criminoso quer afastar a Justiça do caminho e se fingir de vítima?
“VARRER O PT DO MAPA”
No discurso de pré-candidato, Zema falou em “varrer o PT do mapa”. Vejam só que “democrata”! Criticou a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e fez coro para que o Brasil saia do BRICS, provavelmente para colocar o Brasil como quintal dos EUA.
“Esse é o Brasil real, o Brasil que não espera, que não aceita favor, nem esquema. É o Brasil que nós queremos: que trabalha, inventa, arrisca. E é com esse Brasil bravo que vamos chegar à Brasília para varrer o PT do mapa, para acabar com os abusos e perseguições de Alexandre de Moraes, para libertar o Brasil”, declarou o governador mineiro durante evento em São Paulo.
PUNITIVISTA
Zema defendeu que o Brasil classifique organizações criminosas como facções terroristas, ideia rechaçada pelo governo brasileiro meses atrás, mas defendida pelo governo dos Estados Unidos, como pretexto para intervir em outras nações.
“O Brasil caminha hoje na direção de outra crise econômica porque está crescendo a base de anabolizantes. A visão petista de que gasto é vida é uma idiotice sem tamanho, assim como a aproximação do Brasil de regimes autoritários e de nações que se opõem aos nossos valores ocidentais. Sai do BRICS, Brasil”, exclamou Zema. Por “valores ocidentais”, leiam-se os valores de Trump. É o que Zema quer: o Brasil agachado para Trump.
Empresário do setor varejista, Zema foi eleito governador de Minas em 2018, na onda bolsonarista, e reeleito em 2022, no primeiro turno, com 6.094.136 milhões de votos, equivalente a 56,18% dos votos válidos.