
Denúncias sobre ações de agentes de Trump para tomar do país a rica ilha do Ártico fazem ministro das Relações Exteriores dinamarquês, Lars Lokke Rasmussen, convocar o encarregado de negócios da embaixada estadunidense, Mark Stroth.
“Qualquer tentativa de interferir nos assuntos internos do reino será, evidentemente, inaceitável”, afirmou o chanceler, que disse estar ciente de que “atores estrangeiros continuam demonstrando ilegal interesse pela Groenlândia”
Uma reportagem da emissora pública dinamarquesa DR revelando a ação de agentes americanos, ligados ao presidente Trump, para assaltar do país escandinavo a rica ilha no Ártico, fez com que o ministro das Relações Exteriores, Lars Lokke Rasmussen, convocasse o representante dos Estados Unidos, Mark Stroth, a dar explicações sobre a denúncia nesta quarta-feira (27).
“Qualquer tentativa de se intrometer nos assuntos internos do Reino da Dinamarca é inaceitável”, afirmou Rasmussen, frisando que “por essa razão, pedi a convocação do encarregado de negócios americano para uma reunião”.
“Estamos cientes de que atores estrangeiros continuam demonstrando interesse pela Groenlândia”, assinalou.
Segundo fontes anônimas do governo da Dinamarca, três cidadãos dos EUA realizaram operações de influência encoberta na Groenlândia, tendo sido descobertos ao viajar repetidamente ao território para recrutar apoiadores golpismo da “independência” forjada em relação a Copenhague e cultivar contatos políticos e sociais.
Os serviços de inteligência dinamarqueses (PET) confirmaram, em nota à DR, que a Groenlândia tem sido alvo nos últimos anos de campanhas externas para fomentar divisões internas. “O PET acredita que isso pode ocorrer aproveitando desacordos existentes ou inventados, por exemplo, em relação a casos conhecidos, ou promovendo e reforçando certos pontos de vista na Groenlândia em relação ao Reino ou aos Estados Unidos e outros países com interesses na Groenlândia”, alertou o órgão.
Em maio, Copenhague já havia protestado quanto a repetidas operações de espionagem na ilha. Na época, o Wall Street Journal informou que o governo Trump havia orientado agências de inteligência para que identificasse figuras locais que pudessem apoiar os planos de Washington para tomar de assalto a Groenlândia.
Sem meias palavras, Trump chegou a afirmar que queria “se apoderar” da Groenlândia por motivos de ‘segurança nacional’. Após ter sua tentativa de compra da ilha terminantemente rechaçada em seu primeiro mandato, ele passou a insistir, dizendo que iria “conseguir de uma forma ou de outra”, sem descartar o uso da força militar, conforme sublinhou o The New York Times.
Com população inferior a 60 mil habitantes, a Groenlândia é vista como um “tesouro do Ártico”, sendo cobiçada pelos EUA por sua localização estratégica e suas reservas de metais raros, como neodímio – com capacidade para a produção de imãs com força magnética extraordinária e por serem utilizados em diversas aplicações industriais, como motores de carros elétricos – e ítrio – usado numa variedade de aplicações tecnológicas, incluindo a produção de televisores, LEDs, lasers, catalisadores, supercondutores e ligas metálicas resistentes -, além de urânio e minérios mais tradicionais como petróleo e gás.