
Comboio marítimo, composto por dezenas de barcos de integrantes dos seis continentes, saiu no domingo (31) e passará pela Tunísia “para romper, de maneira não violenta, o cerco ilegal imposto pelo regime de ocupação”
Com delegações humanitárias de 44 países, a Flotilha da Liberdade iniciou neste domingo (31), no porto espanhol de Barcelona, a sua maior tentativa de “romper, de maneira não violenta, o cerco ilegal imposto pelo regime de ocupação em Gaza, que limita ou proíbe o acesso de alimentos, água e medicamentos”.
Composta por 22 embarcações que vão desde antigos iates, pequenos veleiros de madeira e embarcações de aparência industrial, a Flotilha vai passar pelaItália, Grécia e Tunísia e outros pontos do Mediterrâneo realizando mobilizações de protesto e mobilizando mais barcos em solidariedade aos palestinos e contra o genocídio israelense por cada local onde passar.
Somando mais ativistas e suprimentos ao longo do caminho, médicos, jornalistas e advogados estão determinados a entregar a ajuda humanitária ao povo palestino, submetido à política de cerco e aniquilamento pelo governo de Benjamin Netanyahu. A medida é urgente e necessária já que a população de Gaza vem sofrendo de “níveis catastróficos de fome”, alertou as Nações Unidas.
Desde a agressão de 7 de outubro de 2023, Israel já assassinou mais de 63.000 palestinos, desapareceu mais de 12.000 sob os escombros e feriu mais de 160.000 de uma população de 2,2 milhões de habitantes. Vale lembrar, assinalam os organizadores, que o cerco a Gaza é criminoso e ilegal.
A empreitada reúne parlamentares europeus e artistas como Susan Sarandon e Liam Cunningham, além de personalidades como a ex-prefeita de Barcelona, Ada Colau. Na delegação brasileiro está o ativista Thiago Ávila, de 38 anos, que foi detido e deportado por Israel em julho por tentar furar o bloqueio sionista em um barco com mais 11 pessoas, juntamente com Thunberg.
PALESTINOS PRIVADOS DOS MEIOS BÁSICOS PARA SOBREVIVER
“A história aqui é sobre a Palestina. A história aqui é como as pessoas estão sendo deliberadamente privadas dos meios mais básicos para sobreviver”, declarou a ativista sueca Greta Thunberg, uma das figuras mais reconhecidas da expedição. Não é a primeira vez que ela tenta chegar à Gaza neste ano, pois já foi deportada em junho quando o navio em que viajava com outras 11 pessoas, o Madleen, foi interceptado pelas tropas israelenses.
“Ficou muito claro que Israel tem violado continuamente o direito internacional ao atacar, interceptar ilegalmente os barcos em águas internacionais e impedir continuamente a chegada de ajuda humanitária”, reiterou Thunberg.
A Flotilha Global Sumud será a quarta tentativa de romper o bloqueio marítimo até agora neste ano. O Conscience tentou pela primeira vez em maio, mas foi atacado por drones após zarpar de Malta. Depois do Madleen, os sionistas interceptaram outro navio de ajuda humanitária, o Handala, no final de julho, e prenderam 21 ativistas e repórteres internacionais e apreenderam sua carga, incluindo alimentos e medicamentos.
O ator irlandês Liam Cunningham exibiu um vídeo mostrando uma garota cantando enquanto planejava seu próprio funeral. A menina, Fátima, morreu há quatro dias, protestou. “Em que tipo de mundo nos metemos, onde as crianças fazem seus próprios arranjos funerários?”, disse Cunningham.
A missão humanitária foi organizada por quatro grandes coalizões, incluindo grupos que participaram de esforços anteriores em terra e mar para Gaza: a Coalizão da Flotilha da Liberdade (FFC) – Com 15 anos de experiência na condução de missões marítimas, incluindo flotilhas anteriores como a Madleen e a Handala, que fornece aconselhamento prático, orientação e apoio operacional aos esforços atuais para romper o bloqueio sionista; Movimento Global para Gaza (GMTG) – que organiza ações de solidariedade em apoio a Palestina e para romper o cerco; Flotilha Maghreb Sumud – iniciativa sediada no Norte da África que realiza missões de solidariedade para levar ajuda e apoio às comunidades palestinas e Sumud Nusantara – comboio liderado pelo povo da Malásia e de outros 8 países, que visa promover a solidariedade entre as nações do Sul Global.
Além de Thiago Ávila, a delegação brasileira será integrada pelos ativistas Bruno Gilga Rocha, Lucas Farias Gusmão, João Aguiar, Mohamad El Kadri, Magno Carvalho Costa, Ariadne Telles, Lisiane Proença, Carina Faggiani, Victor Nascimento Peixoto e Giovanna Vial; a vereadora de Campinas Mariana Conti (PSOL) e a presidenta do PSOL do Rio Grande do Sul, Gabrielle Tolotti.