
Relator da comissão pede prisão dos citados. Cohen denunciou fraudes em 2023 à Polícia Civil de São Paulo e deu nomes de envolvidos que, segundo o relator e o presidente da CPMI, já deveriam estar presos
Nas primeiras 3 horas de depoimento à CPMI do INSS, nesta segunda-feira (1º), o advogado Eli Cohen detalhou as investigações que fez sobre as fraudes contra aposentados e pensionistas, vítimas de débitos não autorizados nos benefícios feitos por sindicatos e associações, muitos desses de fachada.
Diante das informações, o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), pediu que o colegiado encaminhe ao Ministério da Justiça e ao STF (Supremo Tribunal Federal) pedido de prisão preventiva de pessoas citadas por Cohen.
“Nós temos indícios suficientes de autoria, nós estamos com provas da materialidade dos crimes. (…) São os personagens principais de uma organização criminosa”, disse o relator.
PRISÃO O BLOQUEIO DOS BENS
O presidente do colegiado, senador Carlos Viana (Podemos-MG) concordou com o pedido e cobrou a prisão dos envolvidos e o bloqueio dos bens das entidades envolvidas.
“É tão escandaloso que nós tenhamos já praticamente todo o esquema montado descoberto e que não tenha ninguém até o momento nem sob risco de prisão. (…) Já passou da hora de nós pedirmos à Justiça que coloque na cadeia os principais envolvidos”, afirmou Carlos Viana.
Durante o depoimento, Cohen afirmou ter descoberto que as fraudes começaram em 2005 e, a pedido do presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), Cohen citou os nomes de pessoas que supostamente coordenavam o esquema.
Ele detalhou o papel de cada uma delas nas fraudes, chefiadas pelo empresário Maurício Camisotti e pelo lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, o “careca do INSS”.
DENÚNCIA À PCSP EM 2023
O depoente disse que, com as informações que apurou, denunciou o esquema à Polícia Civil de São Paulo, em abril de 2023. E, 2 meses depois, forneceu os dados aos jornalistas que publicaram as primeiras notícias sobre o escândalo.
Em respostas ao relator da CPMI, Cohen listou empresas e entidades envolvidas, e citando inclusive nomes de deputados federais que teriam participado de festa do grupo empresarial Total Health (THG), controlado por Camisotti.
Ele disse que tem suspeitas, mas não provas, de que as fraudes contaram com “suporte político” no Legislativo, no Executivo e no Judiciário.
“É um esquema criminoso empresarial, todo mundo sabia o que tinha que fazer. (…) A intenção deles era aumentar a influência deles aqui no Congresso e no INSS”, disse Cohen.
ENTIDADES LIGADAS A CAMISOTTI
Cohen confirmou que Camisotti controlava a Ambec (Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos), entidade que tinha mais de 500 mil associados e arrecadava cerca de R$ 20 milhões mensais com descontos fraudulentos em benefícios do INSS.
Citou também a participação da Unsbras (União dos Aposentados e Pensionistas do Brasil) e do Cebap (Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas), todas elas ligadas a Camisotti.
Juntas, as 3 associações teriam movimentado cerca de R$ 1 bilhão, fraudando perto de 1 milhão de aposentados e pensionistas.
ENTIDADES CONIVENTES
Ao relator, Cohen acusou dirigentes de outras entidades de serem coniventes com descontos irregulares.
Também respondeu não ter conhecimento do envolvimento de ex-ministros da Previdência ou de ex-presidentes do INSS nas fraudes.
Ao relator, Cohen afirmou que já recebeu várias ameaças anônimas após a descoberta do esquema criminoso.
O relator, então, requereu ao presidente da CPMI que peça à PF (Polícia Federal) proteção imediata do depoente. Carlos Viana disse que a proteção ao depoente seria confirmada pela CPMI.
Também participam do depoimento os senadores Efraim Filho (União-PB), Rogério Marinho (PL-RN), Jorge Seif (PL-SC), Randolfe Rodrigues (PT-AP) e Izalci Lucas (PL-DF), e os deputados Orlando Silva (PCdoB-SP), Rogério Correia (PT-MG), Zé Trovão (PL-SC), Marcel van Halen (Novo-RS) e o vice-presidente da CPI, Duarte Jr. (PSB-MA), entre outros.
No começo da reunião Carlos Viana avisou que a CPMI deve começar a se reunir 3 vezes por semana e que serão requeridas as informações sobre visitas do careca do INSS à Câmara e ao Senado.