
“Dados do PIB indicam importante enfraquecimento da demanda doméstica do país: as decisões de investimento e o consumo das famílias de bens duráveis foram negativamente impactados”, aponta o instituto
A economia “pisou no freio”, afirmou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), ao analisar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre deste ano em 0,4%. No primeiro trimestre o PIB avançou 1,3%.
“Os dados divulgados hoje [2/9] pelo IBGE indicam importante enfraquecimento da demanda doméstica do país no 2º trim/25, sob o peso do aumento das taxas de juros. Como consequência, o ritmo de crescimento do PIB total foi reduzido para 1/3 daquele registrado no 1º trim/25. A indústria mais voltada ao mercado interno e grande produtora de bens duráveis é quem mais tem perdido neste quadro, no qual virão incidir os novos efeitos diretos e indiretos do protecionismo americano”, alertou o Iedi.
“Fator decisivo para esta evolução foi o patamar elevado de taxas de juros no país, restringindo a demanda interna: as decisões de investimento e o consumo das famílias de bens duráveis foram negativamente impactados, o que fez nossas importações recuarem. Outro fator a ser mencionado foi o declínio do consumo do governo (-0,6% ante o 1º trim/25, com ajuste)”, ressaltou o Iedi em sua análise “Menos demanda interna”.
“Nos componentes da demanda interna, apenas o consumo das famílias manteve-se em expansão, mas seu ímpeto caiu pela metade entre o 1º trim/25 e o 2º trim/25, de +1,0% para +0,5%, já corrigidos os efeitos sazonais. A formação bruta de capital fixo, por sua vez, registrou contração de -2,2%, algo que não ocorria desde meados de 2023”.
A Formação Bruta de Capital Fixo, que mede os investimentos em máquinas, equipamentos e construção civil, caiu -2,2% ante o primeiro trimestre (3,2%).
De acordo com o Iedi, o recuo do PIB “se refletiu em piora dos setores mais sensíveis ao nível de juros, sobretudo na indústria. Embora o setor como um todo tenha progredido de 0% no 1º trim/25 para +0,5% no 2º trim/25, mas isso se deveu exclusivamente ao ramo extrativo, que avançou +5,4%, com base no petróleo e ferro”.
“Os demais componentes da indústria encolheram. O destaque vai para a indústria de transformação, que reincidiu no sinal negativo: -1,0% em jan-mar/25 e -0,5% em abr-jun/25. O mesmo vale para a construção: -0,6% e -0,2%, respectivamente. Estas foram as únicas atividades econômicas a terem perdas seguidas. Eletricidade, gás e saneamento, por sua vez, caíram -2,7% e anularam a alta de +1,8% no 1º trim/25”.
O setor de Serviços, que corresponde a 68% do PIB, subiu 0,6% no trimestre finalizado em junho, com o Comércio (0%) apresentando estagnação no crescimento. No primeiro trimestre, serviços e comércio haviam variado em alta de 0,4% e de 0,5%, na ordem.
O comércio, “cujo desempenho também depende, ao menos parcialmente, das condições de crédito e juros da economia”, destacou o Iedi. Já os serviços, “somente alguns de seus ramos têm assegurado este dinamismo. Foram os casos de transporte (+1,0% com ajuste), atividades financeiras (+2,1%) e outros serviços (+0,7%), que incluem os serviços pessoais. Todos estes obtiveram, no 2º trim/25, um resultado melhor do que no trimestre anterior. O ramo de informação e comunicação desacelerou, mas manteve certa robustez (+1,2%, também com ajuste)”.
A agropecuária, que pesa 6,5% no PIB, “como esperado, apresentou retração, mas apenas de -0,1%, já descontados os efeitos sazonais, muito em função da base elevada de comparação do trimestre anterior, quando avançou +12,3%, condicionado pela supersafra de grãos”.
Na análise, o Iedi afirma que “com o enfraquecimento da demanda interna, nossas importações recuaram -2,9% na passagem do 1º para o 2º trimestre do ano. É o primeiro sinal negativo desde o 1º trim/23 e não deixa de indicar o quão forte pisamos no freio.”
O ritmo das exportações “refluiu um pouco, devido ao menor escoamento da agropecuária, mas manteve-se em alta, com ajuda da indústria extrativa”.
“Por fim, em comparação com igual período do ano anterior, o resultado do PIB no 1º semestre de 2025, de +2,5%, também mostra enfraquecimento em relação ao desempenho do semestre anterior, de +3,8%”.