
Repressão policial que deteve 425 manifestantes não conseguiu evitar a presença massiva na manifestação
Mais de 300.000 pessoas lotaram o centro de Londres neste sábado (6), em uma das maiores manifestações que a cidade já viu nos últimos anos, somando-se ao Dia Global de Ação por Gaza organizado para exigir o fim do derramamento de sangue na Palestina.
Na capital inglesa, as ruas se transformaram em um mar de bandeiras, cartazes e cantos de palavras de ordem pedindo um cessar-fogo permanente, o fim da fome e do cerco israelense, e a responsabilização pelos crimes de guerra cometidos pelo governo genocida de Israel contra o povo palestino.
O tamanho do protesto, que ia até perder de vista, expressou uma profunda indignação diante da devastação em curso em Gaza, onde torres residenciais inteiras foram destruídas, deixando milhares de famílias desabrigadas, em luto e com um medo crescente de perder a vida pelos crimes descontrolados do governo de Netanyahu.
Ben Gamal, da Campanha de Solidariedade Palestina, comentou no início da marcha: “Estamos aqui na Praça Russell. Estamos nos preparando para marchar pela 30ª vez desde que Israel desencadeou seu genocídio contra o povo palestino. Marchamos em um momento em que o movimento global de solidariedade, o movimento por boicote, desinvestimento e sanções, tornou Israel mais isolado do que em qualquer outro momento de sua história. Mesmo assim, o governo britânico permanece comprometido não apenas em ser cúmplice deste genocídio, mas também em participar ativamente”, informou o Middle East Monitor.
A polícia prendeu 425 manifestantes alegando sua pertinência a uma organização banida a Palestine Action.

Entre os presos havia muitos idosos. Um deles condenou a arbitrariedade: “Estou aqui por estar doente com o que está acontecendo em Gaza e o genocídio. Estou ultrajado com a direta cumplicidade do governo e quero ver o governo chamado à responsabilidade e pagar por este crime de cumplicidade”.
EXÉRCITO TERRORISTA DE ISRAEL DESTRÓI BAIRROS INTEIROS EM GAZA
Lindsey German, da Coalizão Pare a Guerra, acrescentou: “O que este governo não entende sobre este genocídio? Por que este governo acha que é aceitável que o presidente israelense Isaac Herzog se encontre com ministros na quinta-feira? Ele deveria ser preso, mas, em vez disso, pessoas estão sendo presas na Praça do Parlamento hoje por protestarem contra o genocídio.”
Faris Amer, falando em nome do Fórum Palestino na Grã-Bretanha (PFB), fez um discurso abordando a situação em Gaza e o silêncio vergonhoso da comunidade internacional imperialista: “Hoje e ontem, testemunhamos o exército terrorista israelense destruindo bairros inteiros em Gaza, arrasando torres e blocos residenciais de Gaza, somente porque o povo palestino se recusa a desistir da vida, então Israel quer roubar deles suas meras necessidades, deixando os moradores de Gaza sem comida, água, casas ou mesmo memórias para viver.”
O Dr. Ghassan Abu Sitta, testemunha ocular e sobrevivente do genocídio, também fez um discurso comovente, afirmando: “Enquanto estamos aqui, as bombas continuam caindo sobre as cabeças das crianças de Gaza. A comida continua acumulada na fronteira, sendo retida pelos israelenses. Em resposta a esse contínuo crime bestial de genocídio, o criminoso de guerra em chefe em Downing Street decide dar as boas-vindas ao Presidente do Estado genocida de Israel. Como se todo o sangue dos palestinos derramado não bastasse para ele parar de declarar seu apoio ao culto à morte sionista. Ele quer insistir que, mesmo agora, enquanto a solução final está ocorrendo em Gaza, reafirma seu apoio eterno a essa máquina genocida. Kier Starmer está comprometido com esse genocídio tanto quanto Netanyahu e Ben Gvir estão comprometidos com esse crime.”
PARLAMENTARES E LÍDERES SINDICAIS SE SOMARAM AO PROTESTO
Os parlamentares Jeremy Corbyn, Zarah Sultana e Apsana Begum, além dos líderes sindicais Jo Grady e Sarah Kilpatrick, presidente do Sindicato Nacional da Educação marcaram presença no evento. O Dr. Ghassan Abu-Sitta, importante representante da comunidade médica esteve presente, enquanto Mary Mason, Taj Ali, Nick Maynard, Ibrahim Khadra, Husam Zomlot, Emily Stevenson e o Dr. Anas al-Tikriti se destacaram como poderosos lembretes da amplitude da solidariedade que abrange gerações, crenças e comunidades.
Os manifestantes permaneceram na Praça do Parlamento até a noite, enfrentando a polícia de Londres que prendeu, neste sábado, 9, mais de 365 pessoas, inclusive idosos, que participavam da manifestação no centro da cidade.
NÚMERO DE MORTOS E FERIDOS EM GAZA SÓ AUMENTA DIA APÓS DIA
Pelo menos 87 palestinos foram mortos e outros 409 ficaram feridos na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas como resultado do genocídio israelense em andamento na região, de acordo com fontes médicas.
Autoridades de saúde locais confirmaram que o número de mortos palestinos em decorrência do ataque israelense desde outubro de 2023 aumentou para 64.368, com mais 162.776 feridos. A maioria das vítimas são mulheres e crianças.
Os hospitais também registraram cinco mortes adicionais por fome e desnutrição grave nas últimas 24 horas, elevando o número total de mortes relacionadas à fome na região para 387, incluindo 138 crianças.
Os serviços de emergência ainda não conseguem chegar a muitas vítimas e corpos presos sob os escombros ou espalhados nas estradas do enclave devastado pela guerra, enquanto as forças de ocupação israelenses continuam a atacar equipes de ambulâncias e de defesa civil, de acordo com as autoridades de saúde.