
A cúpula chegou a um consenso quanto à necessidade de avançar para uma ordem internacional mais justa, equilibrada e inclusiva. “O encontro mostrou força para enfrentar os riscos de medidas unilaterais, inclusive no comércio internacional”, afirmou a nota do governo brasileiro
Os líderes do BRICS (grupo dos principais países do Sul Global) discutiram os procedimentos para enfrentarem medidas unilaterais no âmbito do comércio durante uma cúpula extraordinária online realizada nesta segunda-feira (8), informou o gabinete do presidente Lula. Participaram da cúpula virtual os líderes de China, Egito, Indonésia, Irã, Rússia, África do Sul, além do príncipe herdeiro dos Emirados Árabes Unidos, do chanceler da Índia e do vice-ministro das Relações Exteriores da Etiópia.
LULA DENUNCIA AGRESSÃO TARIFÁRIA
O presidente Lula, denunciou no encontro as chantagens comerciais do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “A introdução de medidas extraterritoriais ameaça nossas instituições, as sanções secundárias limitam nossa liberdade de fortalecer o comércio entre países amigos, ‘dividir para reinar’ é uma nova estratégia de ação unilateral, e o BRICS devem demonstrar que a cooperação está acima de tudo”, disse Lula. “A chantagem tarifária está sendo normalizada como instrumento para conquista de mercados e para interferir em questões domésticas”, acrescentou.

O presidente brasileiro afirmou ainda que as sanções secundárias estão dificultando o fortalecimento dos laços comerciais entre países. “A introdução de medidas extraterritoriais ameaça nossas instituições, as sanções secundárias limitam nossa liberdade de fortalecer o comércio entre países amigos, o ‘dividir para governar’ é a nova estratégia de ação unilateral, e o BRICS deve mostrar que a cooperação está acima de tudo”, disse Lula.
Em nota, o governo do Brasil avaliou como extremamente positivo o encontro do BRICS. “O encontro ofereceu a oportunidade de trocar opiniões sobre como enfrentar os riscos associados ao fortalecimento de medidas unilaterais, inclusive no comércio internacional, e sobre como ampliar mecanismos de solidariedade, coordenação e intercâmbio comercial entre os países do BRICS”, afirmou a nota.
O presidente chinês, Xi Jinping, destacou que o BRICS deve manter as salvaguardas do sistema multilateral de comércio e recomendou que todos eles resistam a todas as formas de desrespeito ao multilateralismo. Xi também instou os países do BRICS a explorarem suas próprias vantagens e aprofundarem a cooperação em diversas áreas, incluindo comércio e economia, finanças e tecnologia.
CONTRA HEGEMONISMOS
“O hegemonismo, o unilateralismo e o protecionismo estão se tornando cada vez mais frequentes”, disse Xi, ao mesmo tempo em que exortou os BRICS a agirem decisivamente para construir uma economia global aberta, justa e democrática. “Devemos defender a solidariedade e a cooperação para promover a sinergia para o desenvolvimento comum”, apontou o líder chinês.
Xi defendeu a manutenção da abertura e a proteção da ordem econômica e comercial internacional, e avaliou que quanto mais estreita for a cooperação entre seus Estados-membros, mais confiantes eles responderão aos desafios externos. “Alguns países estão continuamente iniciando guerras comerciais e tarifárias, o que está afetando seriamente a economia global e minando as regras do comércio internacional”, disse Xi.
O presidente chinês pediu o fortalecimento da cooperação do Sul Global, rejeitando as guerras comerciais impulsionadas pelas potências ocidentais e condenando o genocídio contra a Palestina.
“A história nos ensina que o multilateralismo é uma aspiração compartilhada pelo povo e uma tendência dominante que fornece uma importante tábua de salvação para a paz e o desenvolvimento mundiais”, disse Xi. Ele encorajou os países do bloco a atuarem com abertura, inclusão e cooperação, em defesa da equidade internacional e dos princípios do direito internacional.

O governo russo também se manifestou em comunicado publicado no Telegram. “As questões de cooperação entre os países membros do BRICS nas esferas comercial, econômica, financeira, de investimentos e outras foram debatidas, considerando a conjuntura atual da economia mundial”, disse o governo russo em comunicado publicado no Telegram. Os líderes dos países membros do BRICS discutiram na cúpula a cooperação em áreas de comércio, economia e outros setores, levando em consideração a situação atual da economia global, durante a cúpula, informou o Kremlin.
CONSENSO POR NOVA ORDEM
A cúpula chegou a um consenso quanto à necessidade de avançar para uma ordem internacional mais justa, equilibrada e inclusiva. “No contexto de crescente instabilidade internacional, tanto na esfera econômica quanto na política, o BRICS reafirmou seu compromisso com a manutenção e o fortalecimento da abordagem multilateral, assim como com a reforma das instituições internacionais”, acrescentou o texto. A cúpula teve duração aproximada de uma hora e meia.
Na reunião, o presidente Lula afirmou que as sanções secundárias estão dificultando o fortalecimento dos laços comerciais entre países. “A introdução de medidas extraterritoriais ameaça nossas instituições, as sanções secundárias limitam nossa liberdade de fortalecer o comércio entre países amigos, o ‘dividir para governar’ é a nova estratégia de ação unilateral, e o BRICS deve mostrar que a cooperação está acima de tudo”, disse Lula.
O presidente chinês, Xi Jinping, pediu aos países do BRICS que salvaguardem o sistema multilateral de comércio e resistam a todas as formas de protecionismo, ao discursar na cúpula. Xi também instou os países do BRICS a explorarem suas próprias vantagens e aprofundarem a cooperação em diversas áreas, incluindo comércio e economia, finanças e tecnologia.
CRESCIMENTO ECONÔMICO
A África do Sul reforçou que apoia a iniciativa de reformar a Organização Mundial do Comércio (OMC), e os países do BRICS devem respaldar mudanças no âmbito da instituição, afirmou o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa. “O BRICS precisa refletir sobre seu papel na promoção do crescimento econômico global, no combate à pobreza e na defesa do multilateralismo”, afirmou Ramaphosa.
O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, propôs a criação de um mecanismo dentro do BRICS para enfrentar sanções unilaterais. “O BRICS poderia desenvolver um mecanismo comum para apoiar seus membros diante de sanções unilaterais ilegais e para continuar desenvolvendo suas economias sem serem submetidos a pressões políticas injustas”, disse Pezeshkian, segundo a assessoria de imprensa da presidência iraniana.
Com informações Sputnik Brasil
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