
IPCA derruba “expectativas” e fica em -0,11% em agosto
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação em agosto deste ano, ao variar em queda de 0,11% no mês, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (10). O recuo foi puxado pela queda de preço dos alimentos (-0,46%) e das contas de luz (-4,21%). Foi a primeira deflação desde agosto do ano passado (-0,02%) e a maior queda do IPCA desde setembro de 2022 (-0,29%).
Com resultado de agosto, o IPCA registra alta de 3,15% nos últimos oito meses deste ano – resultado menor que o acumulado até julho deste ano (3,26%). E, nos últimos 12 meses, a inflação acumula alta de 5,13%, o que é abaixo dos 12 meses imediatamente anteriores (5,23%).
A queda do IPCA em agosto confirma a percepção do setor produtivo de que o nível da taxa básica de juros (Selic) do Banco Central (BC), hoje em 15%, está completamente deslocado da realidade e das necessidades do país, já que a alta dos juros enfraquece os investimentos e a demanda interna por bens e serviços no país, levando à desaceleração da economia, conforme o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre: alta de 0,4% após crescer 1,3% no primeiro trimestre deste ano.
A última vez que o IPCA disparou foi em fevereiro deste ano, quando registrou alta de 1,31%. Desde então, o indicador mensal demonstrou arrefecimento, com as quedas nos preços da alimentação. Por outra via, a principal pressão de alta veio dos preços de energia, que voltaram a subir no país por conta da bandeira tarifária da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), além dos reajustes abusivos nas tarifas das concessionárias.
Para o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, é urgente que o Banco Central inicie, de forma consistente, um ciclo de redução dos juros. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária para definir a Selic está marcada para a próxima semana.
“Se a redução da taxa Selic não ocorrer logo, os efeitos da queda da atividade industrial deverão se alastrar pela economia, na medida em que afetarem emprego e renda do trabalhador industrial, além dos investimentos”, afirma Alban. “Atual patamar da Selic é insustentável para quem produz”, denuncia.
Na semana passada, o IBGE divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) teve forte desaceleração no segundo trimestre de 2025, ao registrar alta de 0,4% frente ao primeiro trimestre do mesmo ano (alta de 1,3%).
CINCO DOS NOVE GRUPOS DE PRODUTOS E SERVIÇOS TIVERAM QUEDA
Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, a Alimentação foi o que mais intensificou a queda na passagem de julho para agosto, de -0,27% para -0,46%. O grupo, que tem o maior peso no índice, está em deflação a três meses consecutivos (-0,18% em junho e -0,27% em julho).
O grupo Habitação saiu de um aumento de 0,91% em julho para uma queda de 0,90% em agosto, influenciado pela queda na energia elétrica devido à incorporação do Bônus de Itaipu. A queda do indicador poderia ser maior se não estivesse em vigor a bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adiciona R$ 7,87 na conta de luz a cada 100 Kwh consumidos. Em julho, vigorou a bandeira tarifária vermelha patamar 1.
Já transportes saiu da alta de 0,35% para queda de -0,27% entre julho e agosto, influenciada pela as quedas nas passagens aéreas (-2,44%) e nos combustíveis (-0,89%). No mês passado, o preço médio da gasolina caiu 0,94%, o segundo impacto individual mais intenso no índice geral (-0,05 p.p.).
O gerente do IBGE, Fernando Gonçalves, explica que, “somados, esses três grupos foram responsáveis por -0,30 p.p. de impacto no índice geral. Sem eles, o resultado do IPCA de agosto ficaria em 0,43%”, informou.
Os demais grupos variaram entre alta de 0,72% de Vestuário e queda de -0,09% em Comunicação e Artigos de residência. Veja os resultados abaixo:
- Alimentação e Bebidas: -0,46%
- Habitação: -0,90%
- Artigos de residência: -0,09%
- Vestuário: 0,72%
- Transportes: -0,27%
- Saúde e cuidados pessoais: 0,54%
- Despesas pessoais: 0,40%
- Educação: 0,75%
- Comunicação: -0,09%