
“O governo brasileiro repudia a tentativa de forças antidemocráticas de instrumentalizar governos estrangeiros para coagir as instituições nacionais”, diz nota da chancelaria
O Itamaraty condenou, na noite da terça-feira (9), a ameaça feita pelo governo dos Estados Unidos de utilizar sanções econômicas ou a bravata de utilizar poderio militar contra o Brasil.
“O governo brasileiro condena o uso de sanções econômicas ou ameaças de uso da força contra a nossa democracia”, diz nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores.
Segundo o Itamaraty, o primeiro passo para proteger a liberdade de expressão “é justamente defender a democracia e respeitar a vontade popular expressa nas urnas”.
“É esse o dever dos três Poderes da República, que não se intimidarão por qualquer forma de atentado à nossa soberania”, continua a nota.
TENTATIVA DE COAÇÃO
A pasta repudiou ainda a “tentativa de forças antidemocráticas de instrumentalizar governos estrangeiros para coagir as instituições nacionais”.
Na terça-feira (9), a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, em resposta à jornalista que questionou sobre a possibilidade de novas sanções ao Brasil por conta do julgamento de Bolsonaro, respondeu:
“Eu não tenho nenhuma ação adicional para antecipar para vocês hoje, mas posso dizer que isso é uma prioridade para a administração e o presidente não tem medo de usar o poder econômico, o poder militar dos Estados Unidos da América para proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo”.
TRAMA GOLPISTA
A declaração ocorreu no mesmo dia da retomada do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado.
Os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino votaram pela condenação do ex-presidente e dos outros 7 réus que formam o chamado “núcleo crucial” da trama golpista.
Dino, no voto apresentado, rechaçou qualquer possibilidade da pressão americana interferir na decisão do STF. “Será que as pessoas acreditam que um tuíte de uma autoridade de um governo estrangeiro vai mudar um julgamento no Supremo? Um cartão de crédito, ou Mickey, vão mudar o julgamento no Supremo?”, questionou.
AMEAÇAS DELIRANTES DOS EUA
Na última segunda-feira (8), em novo esperneio, o subsecretário de Diplomacia Pública dos Estados Unidos, Darren Beattie, já havia dito que o governo americano continuará tomando “as medidas cabíveis”.
A ação penal contra Bolsonaro tem sido utilizada pelo governo Trump para impor série de sanções ao Brasil e a autoridades brasileiras. O filho do ex-presidente, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e o influenciador Paulo Figueiredo, continuam bajulando Trump para manter os ataques contra os ministros do STF.
Desde julho, o governo americano impôs tarifa de 50% sobre exportações brasileiras, utilizou a Lei Magnitsky para sancionar Moraes e revogou os vistos dele e de outros 7 integrantes do STF, além do procurador-geral da República, Paulo Gonet. Foi um tiro no pé. O resultado foi um levante do povo brasileiro contra as ameaças à nossa soberania.
Leia a íntegra da nota do Itamaraty:
“Em defesa da democracia brasileira
O governo brasileiro condena o uso de sanções econômicas ou ameaças de uso da força contra a nossa democracia.
O primeiro passo para proteger a liberdade de expressão é justamente defender a democracia e respeitar a vontade popular expressa nas urnas. É esse o dever dos três Poderes da República, que não se intimidarão por qualquer forma de atentado à nossa soberania.
O governo brasileiro repudia a tentativa de forças antidemocráticas de instrumentalizar governos estrangeiros para coagir as instituições nacionais.”