
Em julho, a queda foi de 0,3%, após cair em abril (-0,3%), maio (-0,4%) e junho (-0,1%) , “devido aos juros altos e o crédito caro”, denuncia Sindilojas-SP
As vendas do comércio varejista voltaram a ficar no vermelho em julho deste ano, ao caírem -0,3% no mês frente a junho (-0,1%), divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira (11). Esse é o quarto resultado negativo consecutivo do setor (abril, – 0,3% e maio, -0,4%), período que acumula 1,1% de perda.
Os resultados negativos nas vendas refletem o peso dos juros altos do Banco Central (BC) sobre o setor, que se situa 1,1% abaixo do pico mais alto da série histórica da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), alcançado em março de 2025 – o levantamento teve início em 2000.
Na comparação com julho de 2024, as vendas cresceram 1%. No ano, acumulam crescimento de 1,7% e, em 12 meses, alta de 2,5%.
Em julho deste ano, na modalidade de vendas restrita, houve quedas em equipamentos e material para escritório informática e comunicação (-3,1%), tecidos, vestuário e calçados (-2,9%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,6%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,3% – após recuos de -0,1 em maio, e -0,5 em julho). Todas as atividades consideradas dependentes das condições de crédito no país, hoje inibida por uma taxa Selic de 15% ao ano – o maior nível desde 2006.
Também sensíveis aos juros, as vendas de móveis e eletrodomésticos cresceram 1,5% em julho, após queda de -0,9% em julho. Além deste, marcaram taxas positivas no mês: Livros, jornais, revistas e papelaria (1%), Combustíveis e lubrificantes (0,7%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,6%).
Já a modalidade do comércio varejista ampliado, que inclui Veículos, motos, partes e peças, Material de construção e Atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, o volume de vendas cresceu 1,3% em julho na comparação com junho. Um resultado que não recupera a perda de -3,1% obtida em junho deste ano.
Em julho, as vendas de Veículos e motos, partes e peças tiveram alta de 1,8% (depois da queda de -3,8% em junho), enquanto Material de construção cresceram 0,4% (após queda de -2,5% em junho e de -1,0% em maio). Atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo não possui número suficiente de meses para ser submetido à modelagem de ajuste sazonal.
Na média móvel trimestral, as vendas pelo comércio varejista ampliado estão 0,6% em baixa. Frente a julho de 2024, houve queda de 2,5%. E nos últimos sete meses o varejo ampliado acumula queda de -0,2%.
Frente a julho de 2024, as três atividades que compõem o varejo ampliado estão no campo negativo: Veículos e motos, partes e peças (-9,0%), Material de construção (-2,6%), Atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo (-7,5%).
No segundo trimestre deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,4% no período, com o varejo estagnado (0%). No primeiro trimestre, a economia havia avançado 1,3% no primeiro trimestre de 2025, com o setor marcando alta 0,5%.
“O avanço foi de apenas 0,4% em relação ao acumulado nos primeiros três meses do ano, sinal de um claro arrefecimento da economia brasileira”, afirma o Sindilojas-SP.
“Os setores dependentes de crédito, como o comércio, sentem mais rápido este arrefecimento econômico, que só não é mais agudo devido a um mercado de trabalho que ainda sustenta o consumo das famílias, apesar dos desafios com inflação, endividamento e inadimplência”, diz a entidade ao analisar os números o PIB, divulgados pelo IBGE, neste mês.
“Espera que os próximos dados do PIB mantenham o quadro de arrefecimento, exatamente devido aos juros altos e o crédito caro, dificultando operações financeiras empresariais e de pessoas físicas”, completa.