
“É arrogância dele não querer que a Justiça brasileira julgue alguém que cometeu crime”, afirmou. “Um país não pode ficar interferindo nas decisões soberanas de outro país”, acrescentou o presidente, em entrevista à Band
O presidente Lula afirmou nesta quinta-feira (11), em entrevista à Band, que as sanções de Donald Trump ao Brasil são baseadas em mentiras. “Eles não têm déficit comercial com o Brasil, como ele afirma”, disse Lula, caracterizando a intromissão americana indevida no julgamento dos acusados de tentativa de golpe como uma afronta à soberania do país.
Lula disse também não temer novas sanções. “Eu não temo e não sei se elas virão, e também não posso ficar tentando adivinhar. As sanções já impostas são falsas e o presidente Trump sabe que está falando mentiras sobre o Brasil”, apontou o chefe do Executivo.
“É arrogância dele não querer que a Justiça brasileira julgue alguém que cometeu crime quando a própria Justiça compreende como crime”, afirmou o presidente, reafirmando que “um país não pode ficar interferindo nas decisões soberanas de outro país”.
Ele afirmou que irá responder ao governo americano “na medida” em forem anunciadas novas penas contra o Brasil. “Se Trump vai tomar outras atitudes é um problema dele e eu vou reagir na medida em que as medidas forem tomadas”, destacou Lula. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que o seu país vai “responder adequadamente” ao que ele definiu como “caça às bruxas”. Em publicação nas redes sociais, Rubio acusou o ministro Alexandre de Moraes de ser um “violador de direitos humanos”.
“As perseguições políticas por parte do violador de direitos humanos Alexandre de Moraes continuam, uma vez que ele e outros membros do Supremo Tribunal Federal do Brasil decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os Estados Unidos responderão adequadamente a esta caça às bruxas”, escreveu o secretário do americano, ele, sim, que está promovendo caça às bruxas nos EUA.
Lula afirmou ainda que irá evitar responder à porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, que afirmou nesta semana que o governo Trump está disposto a “usar meios militares” para “proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo” em referência a uma eventual condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Os EUA precisam saber que não estão tratando com uma republiqueta de banana. Não tenho preocupação porque não posso levar muito a sério a posição de um porta-voz”, destacou Lula.
O presidente falou do julgamento da trama golpista chefiada por Jair Bolsonaro. “Ele está sendo julgado pelos crimes que cometeu. São várias provas. Se o ministro Fux não quiser ver as provas é um problema dele”, afirmou. “Eu acho que as provas estão fartas. Ele preparou tudo, planejou tudo e não teve coragem, foi embora porque no dia primeiro tinha muita gente na rua e ele teve medo. Então, ele esperou pelo dia 8 de janeiro, achando que nós íamos ficar com medo”, lembrou Lula.
“Mas o que aconteceu”, acrescentou o presidente, “é que este país tem Justiça, tem instituições e vive num Estado de Direito Democrático”. “Ele está sendo julgado pela mesma Corte que me julgou”, afirmou.
Lula achou estranho é que “os mesmos que diziam que Bolsonaro não cometeu nenhum crime, ao invés de defender sua inocência, já trataram-no como condenado antes do julgamento terminar e já queriam anistia”. Após a entrevista, o julgamento chegou ao fim e Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão. Os demais golpistas também foram condenados a penas menores do que a do chefe da trama.