
No mês de julho, volume de brasileiros sem condições de pagar as contas também cresceu para 78,2 milhões, aponta Serasa
Os juros altos elevaram para 8 milhões o número de empresas inadimplentes, resultado atingido em julho deste ano, conforme dados da Serasa Experian, divulgados nesta sexta-feira (12). No mesmo mês de 2024, haviam 7,8 milhões de empresas com CNPJs negativados.
Outra sondagem da Serasa também mostra um novo crescimento no volume de consumidores inadimplentes no país, que em julho deste ano chegou a 78,2 milhões de endividados, aumento de 0,37% ante junho. Tanto para as empresas como para os consumidores, os resultados atingidos são a maior marca desde o início da série histórica das pesquisas.
Os resultados refletem o nível da taxa básica de juros (Selic) do Banco Central (BC), atualmente em 15% ao ano, a mais alta desde 2006, que encarece o crédito e impossibilita as empresas e consumidores de negociarem suas dívidas a juros mais baratos.
A economista-chefe da Serasa Experian, Camila Abdelmalack, destaca, em comunicado à imprensa, que “as empresas têm contraído dívidas cada vez mais altas, muito por conta do ambiente de juros elevados e a concessão de crédito mais criteriosa, o que deixa o ambiente mais restritivo para renegociações de dívidas e prazos”.
A Serasa mostra que o setor de “Serviços” concentrou a maior fatia dos CNPJs negativados em julho, 54,1% do total. O “Comércio” (33,7%) foi o segundo segmento econômico com CNPJs sujos, seguido pela “Indústria” (8,0%).
A consultoria de finanças também constatou que o valor médio das dívidas chegou à sua máxima histórica, a R$ 3.302,30, com média de 7,3 dívidas por empreendimento. Juntas, todas as dívidas somam R$ 193,40 bilhões, sendo R$174 bilhões de pequenas e médias empresas.
Os juros altos nestes níveis nefastos também afastam novos investimentos, o que reduz a demanda por bens e serviços no país – impondo ainda mais dificuldades para quem já está com a corda no pescoço. Neste sentido, a expectativa é de piora no quadro da inadimplência nos próximos meses.
“O segundo semestre pode ser ainda mais crítico para os negócios”, comenta Camila Abdelmalack, “com as projeções de desaceleração na atividade econômica exercendo uma pressão ainda maior nos ganhos e na margem de lucro, principalmente para aquelas de menor porte”.
Na passagem do primeiro para o segundo trimestre deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro desacelerou da alta de 1,3% para alta de 0,4%. Um período em que o crescimento da demanda das famílias foi reduzido de 1% de crescimento para 0,5%, na base.
Encalacrado com uma despesa anual de juros de quase um R$ 1 trilhão, o consumo do governo em bens e serviços para promover a melhoria dos serviços públicos à população caiu -0,6% no segundo trimestre deste ano, após não crescer no o primeiro trimestre (0%).
Já a taxa de Formação Bruta de Capital Fixo, que mede os investimentos em máquinas, equipamentos e construção civil, apresentou queda de -2,2% ante o primeiro trimestre finalizado em março (3,2%).
Assim, no segundo trimestre, a taxa de investimento ficou em 16,8% do PIB, uma piora em relação ao nível de investimentos observados no primeiro trimestre de 2025, de 17,8%, uma taxa que já era ruim para um país que busca retomar sua indústria e reduzir a desigualdade social.