
“Esse quadro de desaquecimento da atividade econômica está associado à política monetária restritiva”, diz trecho do Boletim Macrofiscal
O Ministério da Fazenda revisou para baixo a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2025, que caiu de 2,5% para 2,3%. Em 2024, o PIB do Brasil cresceu 3,4%, após o crescimento de 3,2% no ano anterior. A pasta culpa os juros altos pela desaceleração econômica.
“Esse quadro de desaquecimento da atividade econômica está associado à política monetária restritiva, levando à desaceleração do crédito. Com a taxa de juros básica em 15% ao ano, já se observou redução na expansão interanual das concessões reais de crédito de cerca de 10,5% no trimestre encerrado em dezembro de 2024 para 2,4% no trimestre encerrado em julho”, diz trecho do Boletim Macrofiscal, divulgado nesta quinta-feira (11).
Conforme dados divulgados pelo IBGE neste mês, o PIB desacelerou com força no segundo trimestre deste ano, ao variar em alta de 0,4% em comparação com o primeiro trimestre do mesmo ano.
O IBGE constatou um arrefecimento no consumo das famílias, que diminuiu da alta de 1% para alta de 0,5% na passagem do primeiro para o segundo trimestre. Do lado da demanda, ainda, também houve recuos no consumo do governo (caiu -0,6%, após não crescer no primeiro trimestre) e nos investimentos em máquinas, equipamentos e construção civil (queda de -2,2%).
Do lado da oferta, a Indústria com um todo cresceu 0,5% no segundo trimestre em comparação com o trimestre imediatamente anterior, puxado pelas indústrias extrativas (5,4%). Na mesma base, a indústria de transformação registrou queda de -0,5%, sendo o segundo recuo consecutivo neste ano. No primeiro trimestre, a queda foi de 1%.
Já a indústria da Construção caiu -0,2% no período, depois de ter ficado -0,6% em baixa no primeiro trimestre. Após estes resultados, o Ministério da Fazenda também revisou para baixo o crescimento do PIB da indústria geral, de 2% para 1,4%.
Para os serviços, a previsão de crescimento foi mantida em 2,1%. O setor, que corresponde à maior fatia do PIB (68,8%), cresceu 0,6% no segundo trimestre, com o Comércio (0%) apresentando estagnação no crescimento. No primeiro trimestre, serviços e comércio haviam variado em alta de 0,4% e de 0,5%, na ordem.
Mesmo com a diminuição do ritmo econômico e da desaceleração da inflação, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, defende que a taxa de juros deve seguir em patamar mais restritivo por um tempo mais prolongado. “O BC vai perseguir a meta de inflação. Nosso mandato é esse. Vamos colocar a taxa de juros em um patamar suficiente pelo tempo que for necessário para levar a inflação à meta. Não há qualquer tipo de contemporização”, afirmou.