
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região vai ingressar com uma ação coletiva contra o banco Itaú devido às demissão sem aviso prévio de cerca de mil funcionários que trabalhavam em home office, ocorrida na última segunda-feira (9).
Em nota à imprensa, a entidade denuncia que as demissões, além de “injustificáveis diante do lucro bilionário do banco – que alcançou mais de R$ 22,6 bilhões apenas no último semestre”, foram feitas “sem qualquer advertência prévia ou diálogo com o Sindicato”.
“As demissões em massa promovidas pelo Itaú desrespeitam os trabalhadores, a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria bancária e a legislação brasileira, que determinam a necessidade de negociação prévia com o movimento sindical em casos como este”, afirma a nota.
“Ouvimos os trabalhadores demitidos na plenária realizada na quinta-feira (11). O Itaú descumpriu regras básicas de proteção ao emprego e desconsiderou a mesa de negociação coletiva. Um banco que lucra bilhões não pode tratar os trabalhadores como números descartáveis. Vamos acionar a Justiça para reverter esse ataque e responsabilizar o Itaú por esse desrespeito à lei e à categoria”, afirma Neiva Ribeiro, presidente da entidade e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.
As demissões em massa atingiram trabalhadores do Centro Tecnológico (CT), CEIC e Faria Lima, que trabalhavam em regime híbrido ou integralmente remoto.
Além da ação pelas demissões, o sindicato também vai entrar com uma ação por danos morais, já que o banco justificou as demissões publicamente, alegando “ociosidade dos funcionários no home office”, sem levar em conta as especificidades de cada área.
Além da dispensa, “os bancários demitidos estão revoltados pelo fato de que foram expostos publicamente como pessoas que não trabalhavam”, ressalta o sindicato.
Como afirma um demitido, que não quis se identificar: “É muito difícil agora, depois desse episódio, conseguir um emprego. Ficamos rotulados como funcionários que não trabalhavam”.
“Tá sendo bem doloroso olhar na mídia e me ver taxada como improdutiva e ociosa. É o emprego em que mais trabalhei na vida”, desabafou outra bancária.
“Colocamos todo o Jurídico e o departamento de Saúde do Sindicato para ajudar vocês neste momento difícil (…). Ficamos perplexos e indignados com a notícia e com a forma como foi noticiada essa demissão em massa”, afirmou Neiva, durante a plenária, que reuniu na sede do sindicato cerca de 400 trabalhadores demitidos pelo banco.
“A ação coletiva tem como objetivo anular as demissões e requerer a reintegração dos trabalhadores. Uma demissão coletiva exige comunicação prévia com o Sindicato. Algo previsto inclusive em convenções da OIT (Organização Internacional do Trabalho), das quais o Brasil é signatário”, explicou o advogado Max Garcez, que assessora o Sindicato. “Outra questão é o dano moral coletivo aos trabalhadores. A empresa não poderia colocar todas estas pessoas no mercado como preguiçosos”, disse o advogado.