
“É equiparável à crise do apagão e à recessão de 2015”, avalia entidade dos empresários do comércio
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) avalia que “o estrago provocado no varejo pelos juros altos” do Banco Central “é equiparável à crise do apagão e à recessão de 2015”.
Em julho deste ano, o volume de vendas do comércio varejista recuou -0,3% no mês frente a junho (-0,1%), assinalando o quarto resultado negativo consecutivo, desde abril deste ano (– 0,3%), período em que acumula perda de 1,1%.
“Somente em duas oportunidades, as vendas no varejo caíram por quatro meses seguidos, explica o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, “a primeira foi em setembro de 2015, no ápice da maior recessão da história recente da economia brasileira, e a segunda em julho de 2021, no auge da Crise do Apagão. Essa sequência negativa só evidencia o estrago da maior taxa de juros em 20 anos sobre o consumo e a economia”, critica.
Na modalidade de vendas restrita, a entidade destacou as taxas negativas nas vendas de hiper e supermercados (-0,3%); equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-3,1%); e tecidos, vestuário e calçados (2,9%). Em contrapartida, móveis e eletrodomésticos cresceram 1,5%, após queda de -0,9% em julho.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, afirma que “o Brasil precisa de condições mais favoráveis ao consumo e ao investimento”, ao destacar que a Selic em 15% não está gerando problemas apenas no comércio, mas na economia brasileira como um todo.
“Juros em níveis tão altos por tanto tempo comprometem a capacidade de geração de empregos e renda”, completa Tadros.
Na modalidade do comércio varejista ampliado, que inclui Veículos, motos, partes e peças, Material de construção e Atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, as vendas cresceram 1,3% em julho. No entanto, o resultado não recupera as perdas obtidas em junho deste ano (-3,1%).
Depois da queda de -3,8% em junho, as vendas de veículos e motos, partes e peças tiveram alta de 1,8% no sétimo mês de 2024. Já as vendas de material de construção cresceram 0,4%, depois de recuarem -2,5% em junho e de -1,0% em maio.
Em comparação com julho de 2024, as vendas na modalidade do comércio ampliado registraram queda de 2,5%, com todos seus componentes assinalando taxas negativas: veículos e motos, partes e peças (-9,0%), material de construção (-2,6%), e Atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo (-7,5%).
A entidade reforça que com a desaceleração do consumo interno junto à guerra tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com os produtos brasileiros, “o comércio caminha para um período desafiador, em que essa conjunção de fatores pode consolidar um dos ciclos mais longos de retração já registrados no setor”, alerta Bentes.