
Uma criança autista de cinco anos foi feita refém pela patrulha anti-imigrantes de Trump (ICE) para pressionar o pai, abrigado dentro da própria casa, em Leominster, Massachusetts, a se entregar, revelou a Telemundo, uma rede em espanhol nos EUA ligada à NBC News, causando perplexidade e enorme indignação.
“Eles levaram minha filha, ela tem 5 anos. Ela tem espectro de autismo”, a mãe da menina é ouvida dizendo aos agentes no vídeo da Telemundo. “Devolva-me minha filha.”
A pusilâmine ação do que vem sendo popularmente chamado de “a Gestapo de Trump” ocorreu na segunda-feira (22).
O vídeo mostra a menina sentada do lado de fora de um veículo aberto, bebendo de uma garrafa de água enquanto cercada pela polícia. Ouve-se um homem que grita “não toquem nela!” e uma mulher identificada como a mãe da menina diz a um agente policial que os outros levaram sua filha, que tem 5 anos e está no espectro do autismo.
A mãe, que não quis que seu nome fosse compartilhado, disse à Telemundo que seu marido ligou para ela enquanto dirigia com a filha porque achava que eles estavam sendo seguidos. Seu marido “conseguiu correr de volta para o estacionamento da minha casa”, disse ela, e sua filha ficou com os agentes. O vídeo mostra agentes tentando fazer com que Hip Mejía saísse de casa para mostrar a identificação.
De acordo com a NBC Boston, “a polícia de Leominster chegou ao local, recuperou a criança e a devolveu à família”.
O casal tem dois filhos que nasceram nos Estados Unidos. Nenhum dos pais foi levado sob custódia naquele dia. No entanto, dois dias depois, o ICE voltou e levou Hip Mejía preso, disse sua esposa. Ele agora está detido em um centro de detenção em Plymouth.
Uma violência ainda mais inconcebível, quando o Secretário de Saúde dos EUA, Kennedy Jr. alega que o autismo está no centro das atenções do governo Trump, e seria explicado pelas mais descabeladas teses negacionistas.
Em reação à denúncia feita pela NBC News, uma porta-voz do Departamento de Segurança Interna classificou a reportagem como uma “difamação nojenta”. Mejia é que teria “ignorado as luzes de emergência da polícia para encostar”, voltado para sua casa” e depois “abandonado sua filha de 5 anos no carro”.
Entidades de defesa dos imigrantes e internautas repudiaram mais essa brutalidade, que denunciaram como “fascismo” e “abominação”.
Joanna Kuebler, da America’s Voice disse em um comunicado na terça-feira que “este evento visceral é apenas mais um exemplo assustador de um padrão mais amplo e profundamente perturbador deste governo”.
“A combinação de crueldade e impunidade em busca de uma cruzada de deportação em massa é perigosa para a América e toda a nossa segurança”, acrescentou Kuebler. “Quebrar janelas de carros, separar famílias e traumatizar crianças ameaça a segurança pública das comunidades americanas e a estabilidade de nossa nação.”
TIROTEIO NO ICE DE DALLAS
Em outro episódio emblemático da insânia a que vem levando essa política anti-imigrantes do governo Trump, o Departamento de Segurança Interna dos EUA (“Homeland”) revelou que uma instalação do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) foi alvo de um ataque a tiros em Dallas nesta quarta-feira. Dois imigrantes foram mortos e um ficou ferido em estado grave. O atirador se suicidou. Nenhum agente do ICE ficou ferido, segundo a CNN.
Em uma publicação no X, a secretária de assuntos de xenofobia do governo Trump, Kristi Noem, asseverou que “esses assassinatos horríveis devem servir como um alerta para a extrema esquerda de que sua retórica sobre o ICE tem consequências”.
Daniel Comeaux, chefe de polícia, explicou que “aproximadamente às 6h40 (horário local), recebemos um chamado de socorro. Fomos ao local e, mais tarde, soubemos que quatro pessoas foram baleadas, duas delas falecidas, incluindo o atirador”. “A polícia conseguiu localizar rapidamente o atirador, que estava morto”, acrescentou.
O chefe do escritório de campo do FBI em Dallas chegou à conclusão de que se trata de um “ato de violência direcionada”. Haveria um indício disso: cartuchos encontrados perto do suposto atirador “contém mensagens de natureza anti-ICE”.
O FBI não explicou porque um suposto atirador anti-ICE, isto é, contra a caçada aos imigrantes, atiraria e mataria imigrantes detidos e não feriria nenhum agente da patrulha da fronteira.