
250 mil tomaram as ruas da Cidade do Cabo em uma das mais massivas marchas da história sul-africana
“O povo da cidade se levantou pela Palestina, exigindo o fim imediato do genocídio e conclamando o governo sul-africano a cortar todas as relações com o apartheid de Israel”, declara a Campanha de Solidariedade Palestina (PSC), uma das organizações que organizou o ato deste sábado que tomou as ruas de Cidade do Cabo.
“Esta não é uma solidariedade que vem de longe”, prossegue a declaração, “é a África do Sul de pé diante de sua própria história, afirmando: Nunca Mais quer dizer nunca mais para todos”.
Na marcha do sábado, dia 27, os sul-africanos exigiram de seu governo que não apenas corte relações com Israel, mas que feche a embaixada israelense no país.
Pela sua própria história de luta contra o apartheid, a África do Sul é um dos maiores críticos do apartheid israelense e do massacre que militares de Israel estão fazendo contra a população civil em Gaza e na Cisjordânia.
O governo sul-africano adotou uma posição dura contra as ações de Israel em Gaza. Em dezembro de 2023, entrou com uma ação no Tribunal Internacional de Justiça acusando Israel de cometer genocídio.
Além da PSC, organizaram o protesto a Fundação Al-Quds da África do Sul, o Conselho Judicial Muçulmano e grupos ligados a partidos políticos.
Veja vídeo com detalhes da demonstração:
Manifestantes carregaram milhares de bandeiras palestinas e faixas com palavras de ordem como “As crianças de Gaza são inocentes”, “Desmantelem o Estado de Israel”, “Não se sinta mal, faça alguma coisa”. Os participantes se concentraram diante da mesquita Muir Street, no centro da Cidade no Cabo, e marcharam até o parlamento.
Usuf Chikte, coordenador da Campanha de Solidariedade Palestina, disse que a África do Sul deve “boicotar, desinvestir e sancionar Israel, da mesma forma que o mundo fez por nós”, recordando o apartheid sul-africano, um período de 1948 até 1994 em que a África do Sul foi dominada por governos que pregavam e legislaram a segregação racial pela qual uma minoria branca dominante impôs uma hierarquia racial limitando os direitos da população negra e mestiça.
“O governo deve agir sobre a expulsão imediata da África do Sul do encarregado de negócios israelense Adi Cohen-Hazanov e do pessoal da embaixada [de Israel],” discursou Chikte. Ele também defendeu a expulsão de Israel de eventos esportivos internacionais, punição para cidadãos sul-africanos que se alistarem no exército israelense e embargo na exportação de carvão para territórios ocupados.
“A recente escalada de atrocidades em Gaza, onde comunidades inteiras enfrentam bombardeios, fome e colapso da infraestrutura humanitária básica, é o culminar dessa longa trajetória de violência,” disse Shaykh Riad Fataar, presidente do Conselho Judicial Muçulmano.
Em novembro de 2024, o Tribunal Penal Internacional emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu e seu ex-ministro de Assuntos Militares, Yoav Gallant, citando crimes de guerra e contra a humanidade cometidos em Gaza.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 66 mil palestinos foram mortos, desde o começo desse genocídio em outubro de 2023, a maioria das vítimas são mulheres e crianças. 168 mil ficaram feridos nos ataques incessantes do exército israelense. Gaza é o lugar com o maior número de crianças amputadas no mundo.