
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai encerrar o ano impondo mais 37 pedágios nas rodovias de São Paulo. A ampliação acontece em meio a uma onda de concessões à iniciativa privada que tem encarecido a vida de quem depende das estradas e reforçado a lógica da privatização de serviços públicos essenciais.
Segundo a Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), 16 pórticos eletrônicos entrarão em operação até dezembro em rodovias estaduais. Outros 21 serão instalados no trecho da Presidente Dutra entre São Paulo e Arujá, totalizando 37 novos pontos de cobrança.
Os equipamentos fazem parte do sistema free flow, que dispensa cancelas e cobra automaticamente por meio da leitura das placas. Embora o governo insista em apresentar o modelo como avanço tecnológico, o que se vê na prática é a multiplicação de pontos de cobrança e a transferência de renda para concessionárias.
PEDÁGIOS SE ESPALHAM
A partir desta quarta-feira (1º), três pórticos começam a operar na Rodovia Raposo Tavares, na região de Sorocaba. Outros quatro devem entrar em funcionamento até o fim do ano. Também estão previstos novos pedágios na Mogi-Dutra, Mogi-Bertioga, Rio-Santos, Brigadeiro Faria Lima e no Rodoanel Norte.
Desde o ano passado, o sistema já funciona em Jaboticabal, Itápolis e no contorno sul da Rodovia dos Tamoios, em São Sebastião. A diferença agora é a escala: nunca se instalou tantos pedágios em tão pouco tempo no estado.
RESISTÊNCIA DE MORADORES
A expansão dos pedágios tem provocado resistência em várias cidades, especialmente nas regiões turísticas. No lote litoral, concedido à empresa Novo Litoral, prefeituras e entidades civis tentaram barrar na Justiça a criação de pedágios urbanos, alertando para impactos no turismo e na mobilidade local.
Em Santos, a Ouvidoria Municipal abrirá nesta quarta-feira o cadastramento para isenção do pedágio da Rio-Santos, entre Iriri e Caruara. “O benefício é restrito a quem reside na região. O objetivo é evitar que moradores locais sejam onerados pelo novo sistema de cobrança”, informou a prefeitura, destacando que a decisão final depende do governo estadual.
PRIVATIZAÇÃO E COBRANÇA
A gestão Tarcísio alega que os contratos representam modernização, com promessa de R$ 4,3 bilhões em obras. “As obras incluem duplicações, novas marginais, ciclovias, passarelas, recuperação do pavimento e reforço na sinalização, além de tecnologias que aumentam a segurança, como câmeras e bases de atendimento 24 horas”, afirma o governo.
Mas, na prática, o modelo reforça a entrega de infraestrutura pública à iniciativa privada, e a conta fica com o cidadão. A cobrança só começa após as concessionárias concluírem os investimentos previstos — o que significa novas tarifas em rodovias já pagas com dinheiro público.
Os valores definidos até agora mostram o peso no bolso: na Raposo Tavares, o pedágio de São Roque custará R$ 5,05 por sentido; em Alumínio, R$ 4,95; e em Araçoiaba, R$ 4,20.
Com o novo cronograma, São Paulo consolida sua posição como o estado com mais pedágios do país.