Governo brasileiro condena a ditadura de Israel pelo sequestro da flotilha

Um dos navios da flotilha (Foto: Ansa - AFP)

E exige segurança para os ativistas, entre eles os brasileiros Thiago Ávila e a deputada Luiziane Lins (PT-CE). “No contexto dessa operação militar condenável, passa a ser de responsabilidade de Israel a segurança das pessoas detidas”, diz nota do Itamaraty

O Ministério das Relações Exteriores emitiu nota condenando a ditadura de Israel pelo seqüestro das embarcações da Flotilha Global Sumud, nesta quarta-feira (1º de outubro), que tentava levar ajuda humanitária a Gaza

Entre os participantes da flotilha estão 17 brasileiros, incluindo a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), e o ativista Thiago Ávila, liderança internacional do movimento

“O governo brasileiro deplora a ação militar do governo de Israel, que viola direitos e põe em risco a integridade física de manifestantes em ação pacífica. No contexto dessa operação militar condenável, passa a ser de responsabilidade de Israel a segurança das pessoas detidas.”

“O governo brasileiro deplora a ação militar do governo de Israel, que viola direitos e põe em risco a integridade física de manifestantes em ação pacífica. No contexto dessa operação militar condenável, passa a ser de responsabilidade de Israel a segurança das pessoas detidas”, continua o Itamaraty.

No texto, o governo do Brasil cobra o fim imediato do cruel bloqueio israelense em Gaza, que impede a chegada de ajuda humanitária aos palestinos, que atinge principalmente, crianças. “Reitera, nesse contexto, exortação pelo levantamento imediato e incondicional de todas as restrições israelenses à entrada e distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, em consonância com as obrigações de Israel, como potência ocupante, à luz do direito internacional humanitário”.

A flotilha levava alimentos, água e medicamentos à Faixa de Gaza em socorro da população palestina há mais de 600 dias submetida à fome, deslocamento forçado e genocídio.

Em agosto, o comissário geral da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos (Unrwa), Philippe Lazzarini, relatou, em postagem numa rede social, a morte de pelo menos 100 crianças após a desnutrição e a fome, resultado do bloqueio de Israel em Gaza.

Criança palestina em avançado estado de desnutrição (Foto: Mohammed Nateel – Unicef)

Segundo a ONU, além das mortes pela fome, “40 mil crianças” foram “mortas ou feridas após bombardeios e ataques aéreos”. Dados do Fundo da ONU para a Infância, Unicef, revelam “que pelo menos 17 mil menores vivem desacompanhados e separados”, além de 1 milhão delas em situação de “profundo trauma e sem acesso à educação”

BRASILEIROS

Segundo relatos divulgados pela agência Sputnik, a Marinha israelense deteve os tripulantes após a aproximação das embarcações da costa de Gaza.

Além de Luizianne Lins e Thiago Ávila, a delegação brasileira conta com outros 15 ativistas, entre eles advogados, pesquisadores e militantes sociais.

 O grupo integra os quase 500 participantes de 46 países, incluindo parlamentares europeus, advogados e a ativista sueca Greta Thunberg.

TENSÕES

De acordo com os organizadores, a interceptação ocorreu após uma série de incidentes anteriores:

•        manobras de intimidação de navios israelenses perto da Grécia; e

•        ataques com drones durante escala na Tunísia, em 9 de setembro.

Às 2h30 (horário de Brasília), a flotilha ainda havia informado que estava no Mediterrâneo, ao norte da costa do Egito e a cerca de 220 km de Gaza. Poucas horas depois, um dos barcos, o Alma, foi cercado por soldados israelenses.

 “O Alma foi cercado agressivamente por um navio israelense durante vários minutos”, relataram os ativistas. “Pouco depois, o mesmo navio repetiu as mesmas manobras de cerco diante do Sirius por um período prolongado, antes de se afastar.”

Em resposta às ameaças, Itália, Espanha, Grécia e Turquia chegaram a enviar embarcações de guerra para escoltar a flotilha. A Turquia também deslocou drones. Itália e Grécia pediram conjuntamente a Israel que não ferisse os ativistas e que a ajuda fosse entregue à Igreja Católica para posterior envio a Gaza.

HISTÓRICO

Não é a primeira vez que Israel bloqueia missões desse tipo. Em junho, outra flotilha – composta por um único navio com 12 passageiros, incluindo Greta Thunberg e Thiago Ávila – também foi interceptada. Todos foram deportados.

Leia a íntegra da nota do governo brasileiro:

“Interceptação de embarcações da ‘Flotilha Global Sumud’ por Israel

O governo brasileiro acompanha com preocupação a interceptação pela marinha israelense de embarcações da “Flotilha Global Sumud”, que contam com a presença de cidadãs e cidadãos brasileiros, incluindo parlamentares.

Diante das primeiras notícias de detenção de nacionais brasileiros a bordo de embarcações da flotilha, entre eles a deputada federal Luizianne Lins, o Brasil recorda o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais e ressalta o caráter pacífico da flotilha.

O governo brasileiro deplora a ação militar do governo de Israel, que viola direitos e põe em risco a integridade física de manifestantes em ação pacífica. No contexto dessa operação militar condenável, passa a ser de responsabilidade de Israel a segurança das pessoas detidas.

Reitera, nesse contexto, exortação pelo levantamento imediato e incondicional de todas as restrições israelenses à entrada e distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, em consonância com as obrigações de Israel, como potência ocupante, à luz do direito internacional humanitário.

A Embaixada do Brasil em Tel Aviv está em contato permanente com as autoridades israelenses, de modo a prestar a assistência consular cabível aos nacionais, conforme estabelece a Convenção de Viena sobre Relações Consulares.”

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