Em reação ao sequestro de cerca de 500 ativistas da Flotilha Humanitária Sumud para Gaza, pela Marinha de guerra israelense, em águas internacionais e ao arrepio da lei internacional, manifestações na Itália, Portugal, França, Irlanda, Turquia, Argentina, Espanha e África do Sul na quinta-feira reiteraram a condenação do genocídio, clamaram pelo cessar-fogo e entrada da ajuda humanitária no enclave e exigiram a imediata libertação dos ativistas.
Na Itália, os protestos contra o assalto israelense à Frota Humanitária e o sequestro dos ativistas – parlamentares, juristas, jornalistas e apoiadores -, que já tinham começado na noite de quarta-feira, se estenderam pela quinta-feira e vão continuar nesta sexta-feira (3) com uma greve geral. Universidades por toda a Itália foram ocupadas em apoio à Palestina, com estudantes dizendo “não queremos ser cúmplices do genocídio como o governo Meloni”.
50 mil pessoas se manifestaram pela Palestina e pela libertação dos sequestrados em Roma, junto ao Coliseu, protesto aberto com uma faixa com os dizeres “Gaza, estamos chegando”. A Piazza dei Cinquecento, coração da manifestação, foi renomeada “Praça de Gaza” pelos participantes.
Em Milão, 10.000 pessoas marcharam, segundo os organizadores, enquanto motoristas expressavam apoio baixando os vidros, aplaudindo ou buzinando. Uma faixa com os dizeres “Bloqueemos tudo” acompanhou o protesto. Em Turim, mais de 20.000 pessoas. Em Palermo, os manifestantes bloquearam o porto.
Atos de solidariedade aos palestinos e aos ativistas da Flotilha também em Florença, Bolonha e Nápoles. De norte a sul da Itália, 225 hospitais se iluminaram com as cores da bandeira palestina, em uma ação que congregou dezenas de milhares.
A principal central sindical italiana, a CGIL, afirmou que a greve desta sexta-feira está em conformidade com uma lei que permite paralisações trabalhistas sem aviso prévio “sempre que a proteção dos cidadãos italianos, em casa ou no exterior, estiver em jogo, bem como a salvaguarda dos princípios fundamentais sobre os quais a República se funda: paz, direitos humanos, e respeito pelas obrigações internacionais”. “Este é precisamente o caso da agressão contra cidadãos, trabalhadores e voluntários a bordo da Flotilha Global Sumud engajada em uma ação humanitária”, enfatizou.
Vídeo da agência Reuters mostra algumas das manifestações, incluindo Dublin e Istambul:
O governo da fascista Meloni tentou caracterizar a greve como “ilegal” e um “feriado prolongado”, mas a paralisação recebeu também o apoio da União Sindical de Base, dos dois maiores partidos de oposição, o Partido Democrático e o Cinco Estrelas, e de uma miríade de entidades populares.
Em Bruxelas, na Bélgica, milhares de pessoas repudiaram o assalto de Israel aos barcos que tentavam romper o cerco para levar alimentos e remédios para Gaza. Em Portugal, os protestos ocorreram em Lisboa, Porto, Braga, Évora e mais uma dezena de cidades. A deputada Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, também está entre os sequestrados. Os manifestantes também cobraram do governo português “sanções efetivas” contra Israel, para deter o genocídio.
Dezenas de manifestações, desde concentrações em praças a bloqueios de ruas e ferrovias e ocupações das universidades foram a resposta dos espanhóis ao ataque israelense à ajuda por mar a Gaza. Os maiores protestos foram registrados em Madri, Barcelona e Bilbao, onde gritos de “Palestina Livre” foram ouvidos e slogans como “Não é uma guerra, é genocídio” e “Estado sionista, Estado terrorista” foram gritados.
Ações de solidariedade aos palestinos e em apoio à libertação dos ativistas da Flotilha foram realizadas também em Dublin, na Irlanda; Genebra, na Suíça; Berlim, na Alemanha; Atenas, na Grécia; Istambul, na Turquia; Buenos Aires, na Argentina; e Bogotá, na Colômbia.
Na Cidade do Cabo, manifestantes marcharam exigindo a libertação do neto de Mandela e dos demais ativistas sul-africanos: “Acabe com a matança! Acabe com a dor! Liberte Mandela mais uma vez!”
GREVE GERAL EM SOLIDARIEDADE A GAZA
Em um comunicado compartilhado nas redes sociais, a CGIL disse que a greve desta sexta-feira está em conformidade com uma lei que permite paralisações trabalhistas sem aviso prévio “sempre que a proteção dos cidadãos italianos, em casa ou no exterior, estiver em jogo, bem como a salvaguarda dos princípios fundamentais sobre os quais a República se funda: paz, direitos humanos, e respeito pelas obrigações internacionais”.
“Este é precisamente o caso da agressão contra cidadãos, trabalhadores e voluntários a bordo da Flotilha Global Sumud engajada em uma ação humanitária”, afirmou.
O Comitê de Proteção aos Jornalistas, sediado em Nova Iorque, denunciou que 32 jornalistas que estavam a bordo da flotilha e, portanto, estão em mãos do regime israelense.
Mais chefes de Estado dirigiram-se a Tel Aviv, exigindo a libertação dos sequestrados por Israel. O presidente sul-africano, Ciryl Ramaphosa, exigiu a libertação do ex-deputado do CNA e neto de Mandela, Mandla, que estava a bordo.
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan condenou a agressão israelense contra a flotilha, dizendo que o país “mostrou mais uma vez a loucura de seus líderes genocidas tentando esconder seus crimes contra a humanidade em Gaza”. A vice-primeira-ministra da Espanha, Yolanda Díaz, descreveu o ataque como “um crime contra o direito internacional” e convocou a União Europeia a “romper relações com Israel agora”.
“OBRIGADO POR ALCANÇAREM O MUNDO INTEIRO COM SUA MISSÃO HUMANITÁRIA”
Em Gaza, o chefe do Escritório de Mídia do Governo, Ismail al-Thawabta, saudou os ativistas da flotilha por alcançarem “o mundo inteiro” com sua missão humanitária.
Em um post no X, ele acusou as forças israelenses de cometer um ato de “pirataria” ao interceptar a flotilha e disse que buscavam “sitiar a verdade assim como cercam, matam, destroem e deslocam” os palestinos.
“Nossa mensagem para os heróicos ativistas de solidariedade: vocês podem não ter chegado até nós com seus corpos, mas alcançaram nossos corações antes mesmo de zarpar, com sua solidariedade humanitária e a pureza de suas intenções nobres e imaculadas”, escreveu ele.
“Sua mensagem chegou ao mundo inteiro.”