A produção industrial de São Paulo, maior e mais desenvolvido parque fabril do país, caiu em setembro pelo terceiro mês consecutivo segundo dados detalhados regionalmente divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira (09).
O resultado teve grande impacto sobre a média nacional – de -1,8% em setembro ante agosto – por se tratar do estado que representa 33% da produção nacional.
Além disso, não se trata de uma variação negativa qualquer: apenas de um mês para o outro, o tombo em setembro foi de -3,9% disseminado por quase todos os macrossetores da indústria.
“O retrocesso da indústria brasileira é o retrocesso da indústria paulista”, afirma em análise o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).
A queda no nono mês do ano, igualmente, não se trata de uma informação isolada: encerra um período de três meses em que a indústria paulista acumulou queda de 1% – o primeiro trimestre negativo desde o início de 2017. O setor produtivo do Brasil seguiu a mesma tendência. Antes do tombo de setembro, já havia registrado resultados negativos em agosto (-0,7%) e em julho (-0,2%).
“Foram três meses de perdas recorrentes de produção na série com ajuste sazonal, o que não ocorria desde o final de 2015, um ano de crise aguda para o setor. Em setembro, a retração chegou a -1,8% ante agosto e acabou contaminando o desempenho da maior parte de seus segmentos e dos parques industriais mais importantes do país”, diz o estudo do Iedi.
Além de São Paulo, outros parques industriais representativos do país também viram sua produção ruir em setembro. É o caso do Amazonas (-5,2%), Bahia (-3,3%), Paraná (-3,1%), Minas Gerais (-1,9%), Santa Catarina (-1,8%) e Região Nordeste (-1,9%).
“Em outras palavras, regionalmente o “núcleo duro” da indústria brasileira não se saiu bem. Mesmo aquelas localidades em que houve melhora, como Rio Grande do Sul, além de Goiás e Espírito Santo, somente recuperaram o tempo perdido, já que tiveram resultados anteriores anêmicos, quando não negativos”.
PREVISÕES
“Se este padrão vier a se repetir nos próximos meses, 2018 será ainda mais fraco do que aquela de 2017”, analisa o Iedi. Portanto, não há mentira maior do que dizer que o país está em um processo ascendente de recuperação econômica.
Questões como o desemprego e subemprego elevados a níveis de recorde histórico, salários arrochados, investimento público em queda e as perspectivas sobre a adoção de uma política econômica ainda mais recessiva e submissa aos interesses do capital financeiro parasitário a partir de 1º de janeiro, refletem também nos índices de confiança e intenção de investimento dos empresários industriais. Em outubro, o índice criado pela Fundação Getúlio Vargas voltou a cair e atingiu níveis semelhantes aos de 2016.
PRISCILA CASALE