Tarcísio corta verba de combate ao PCC pela metade

O governador Tarcísio de Freitas, na comemoração do aniversário da ROTA (foto: Pablo Jacob/Governo do Estado de SP)

Proposta orçamentária para 2026 reduz de R$ 666 milhões para R$ 325 milhões os recursos para enfrentamento do crime organizado, enquanto investigações revelam infiltração do grupo na polícia e na economia formal

Enquanto o Primeiro Comando da Capital (PCC) amplia sua atuação no tráfico internacional de drogas e infiltrações em setores da economia formal, o Governo de São Paulo decidiu reduzir pela metade o orçamento destinado ao combate ao crime organizado. O projeto de Lei Orçamentária (LOA) para 2026, enviado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) à Assembleia Legislativa na última terça-feira (30/9), prevê apenas R$ 325,8 milhões para essa finalidade – menos da metade dos R$ 666,4 milhões previstos para 2025.

A redução ocorre em um momento particularmente sensível para a segurança pública paulista. Há menos de um mês, o ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes foi executado a tiros em Praia Grande por suspeitos de integrarem o PCC. Fontes era historicamente conhecido por ter sido o primeiro delegado a investigar sistematicamente a atuação da facção em São Paulo, no início dos anos 2000.

A contradição fica ainda mais evidente ao se analisar as metas do governo: apesar do corte orçamentário de 51%, a administração estadual manteve a mesma previsão de aquisição de mais de 60 mil equipamentos, veículos e armamentos para o combate ao crime organizado.

O envio da proposta acontece em um contexto de escalada violenta do PCC. No final de 2024, criminosos ligados à facção assassinaram Vinícius Gritzbach, conhecido como “o delator do PCC”, dentro do Aeroporto de Guarulhos – crime que envolveu a participação de policiais.

As investigações desse caso revelaram a profunda infiltração da facção entre membros da Polícia Civil paulista. Operações recentes do Ministério Público de São Paulo também demonstram que o PCC tem expandido sua atuação para diversos setores da economia, incluindo o mercado financeiro.

ORÇAMENTO AUMENTA, VERBA CAI

Embora tenha reduzido drasticamente os recursos específicos para o combate ao crime organizado, o governo Tarcísio propõe um aumento de 3% no orçamento total da Secretaria da Segurança Pública (SSP), que passaria de R$ 20,6 bilhões em 2025 para R$ 21,2 bilhões em 2026.

A LOA ainda será discutida pelos deputados estaduais e pode sofrer alterações durante a tramitação na Assembleia Legislativa. O projeto precisa ser votado até dezembro.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que “o enfrentamento ao crime organizado segue como uma das prioridades da atual gestão”, destacando que “desde o início de 2023 até agosto deste ano, foram mais de R$ 1,1 bilhão destinados a ações de combate ao crime organizado, sendo R$ 615 milhões já empenhados”.

A secretaria acrescentou que “a área de segurança ainda deverá contar com recursos adicionais provenientes de emendas parlamentares estaduais e federais, convênios e repasses da União, bem como a utilização de valores recuperados em ações contra crimes financeiros e lavagem de dinheiro”.

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